Se tivermos presente que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) representa quatro por cento do comércio mundial compreenderemos melhor a importância da consolidação do espaço da lusofonia, pelo menos no plano económico e no quadro da globalização a que, independentemente da nossa vontade, dificilmente podemos fugir.

Este espaço multicontinental é muito mais vasto do que o conjunto dos territórios dos oito países onde o Português é uma das línguas oficiais (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Timor) e não apenas pela recente entrada de um nono estado-membro, a Guiné Equatorial.

Na verdade, muitos dos países da CPLP são motores económicos cujo dinamismo tem impacto em África, na América do Sul e na Ásia, com ligações históricas a países tão economicamente poderosos com o é a China, que integra um território – Macau – com um regime administrativo especial onde o Português continua a ser língua oficial.

A dinâmica de rede que está subjacente à ideia de espaço da lusofonia potencia muitas oportunidades de comércio e de investimento não só entre as economias que integram a CPLP mas também destas em relação a outras economias com as quais se relacionam e vice-versa. Isto irá pesar, seguramente, na nova visão estratégica da organização a definir em 2016, ano da próxima cimeira da lusofonia.

O espaço da lusofonia não é, todos o sabemos, uma Confederação de Estados. Não o sendo, e sendo um espaço constituído por Estados independentes e soberanos, é um alargado “mundo” onde as diplomacias têm de, realmente, saber encontrar os mais alargados e possíveis denominadores comuns. Não é sempre fácil, mas é necessário.

Há sensivelmente cinco anos, a Associação de Profissionais e Empresas da Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) promoveu um seminário virado para a internacionalização do imobiliário português cujo tema base tinha a feliz e oportuna expressão “Mundos com M de Mercado”. Evidenciavam-se os benefícios da internacionalização, em especial do sector imobiliário, internacionalização que o espaço lusófono facilita, em todas as direções.

E quando falávamos na internacionalização do sector, estávamos já a falar do imobiliário turístico, das segundas habitações e do universo do turismo residencial, para fruição e investimento. O que era, há cinco anos, uma perspectiva é hoje, em Portugal, como se sabe, uma realidade com investimentos estrangeiros muito importantes para a recuperação da Economia portuguesa.

A mais visível das vantagens que Portugal oferece ao espaço da lusofonia é o ser uma das portas da Europa e da União Europeia, mesmo considerando que esta situação não é garantia de abertura total da UE a todos os cidadãos da CPLP. Isto tal como as oportunidades que se oferecem em países chave nos respectivos continentes, como o são, por exemplo, Angola em África e o Brasil na América do Sul, têm limitações aos cidadãos de outras nacionalidades.

Mas nestes quadros, no quadro mais vasto da globalização, o que realmente importa é saber alargar o mais possível o denominador comum. Aprendendo a única lição que realmente conta, ou seja, a que realmente pode contribuir para que consigamos, todos, viver com os outros. Não é uma lição fácil, mas é necessária e não apenas para um convívio economicamente frutuoso.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 16 de Janeiro de 2015 no Sol

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