Às vezes, é na informação publicitária que encontramos as melhores notícias, mesmo quando a comparamos com as notícias propriamente ditas, algumas das quais, tenho de admiti-lo, também pecam por serem mais propagandísticas do que informativas.

Vem tudo isto a propósito da boa notícia com que amanheceu a passada segunda feira, pelo menos neste jornal e noutro diário do grupo, com a inclusão de uma capa publicitária a dizer que o Santander Totta disponibilizou 1.500 milhões de euros para ativar o crescimento da economia portuguesa.

Se é certo e justo que a atividade jornalística seja incompatível com a atividade publicitária, entre outras, é no mínimo curioso que o contrário não se verifique e que através da publicidade possamos receber uma boa notícia, como esta, notícia que, por outra via, passaria mais despercebida.

Mesmo considerando que a urgência de uma agenda de crescimento, que estes 1.500 milhões podem facilitar, justificará plenamente todo o eco possível para uma tal notícia que abre uma nesga de luz ao fundo deste longo e escuro túnel que temos vindo a atravessar.

Este apoio à economia vem do sector privado com o lançamento do Plano Santander Totta Activação, escrito assim, à moda antiga, com “c” antes do “t”, como se escrevia no tempo em que havia dinheiro para fazer andar Portugal, na sinfonia das diversas atividades de um país em movimento.

No vídeo promocional deste projeto, uma sucessão de mensagens que retratam a vida de uma sociedade em desenvolvimento com o crescimento da Economia, retenho uma – a sugerir um guarda-chuva aberto que esvoaça sobre um conjunto de painéis solares – pela imagem de segurança que subtilmente transmite.

Neste momento difícil para o país, uma das únicas garantias possíveis para mantermos a esperança de poder reencontrar os caminhos que levam ao fim do túnel, reside precisamente na criação de condições para a expansão da nossa própria Economia, através de apoios sólidos às empresas que têm projetos.

Apoios que passam, em primeira linha, pela abertura do crédito que tem faltado. O que, de resto, faz com que um anúncio de um banco, como o que inspirou este texto,  possa ser uma boa notícia e uma notícia de primeira página, ou de capa, como agora se diz.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt
 

Publicado no dia 2 de novembro de 2012 no Diário de Notícias

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