Há um ano, neste mesmo espaço e sob a forma de carta do ano velho para o ano novo, vaticinava para 2014 um ano de grandes mudanças e de grandes projetos. Houve, realmente algumas mudanças que anunciavam o relançamento da nossa Economia e com ele a possibilidade de podermos gerar a riqueza fundamental à satisfação das nossas necessidades e à satisfação dos nossos compromissos, mas as promessas ficaram aquém do que prevíamos.

Sobraram, durante o ano que agora acaba, situações inesperadas que nos desacreditaram um pouco e que quase nos faziam desacreditar de nós próprios, apesar de se verificar uma progressiva melhoria da confiança das famílias portuguesas, pela via da evolução do mercado de trabalho e pelas expectativas de uma redução da taxa de desemprego, susceptível de fazer aumentar o consumo interno.

Acreditava-se que o rendimento para as famílias poderia aumentar, sendo certo que sem tal aumento e perante a inevitabilidade das exportações não poderem crescer até ao céu, a verdadeira recuperação da Economia, aferida pelos valores que precisamos para honrar os nossos compromissos (dívida externa) e as nossas necessidades (o Estado Social) não seria alcançada como desejávamos.

À entrada do ano 2014 o imobiliário português era já reconhecido como fazendo parte da solução para o país e visto do estrangeiro como um bom destino para investimentos seguros, não apenas pela qualidade da nossa construção mas pela ausência, no nosso mercado imobiliário, de qualquer indesejável e perigosa bolha de preço.

Umas vezes timidamente outras ousadamente, chegamos ao Verão de 2014 a olhar com grande esperança para os projetos de reabilitação urbana das principais cidades, quase sempre associados a projetos de turismo residencial, e a prever uma rentrée muito positiva que confirmaria o ano de 2014 como o ano da mudança.

Os existentes programas de captação de investimento estrangeiro pelo imobiliário português começaram a revelar-se muito dinâmicos não apenas pela entrada de dinheiro, seja pela via das autorizações de residência para estrangeiros de fora do Espaço Schengen, seja pela via do regime fiscal especial para cidadãos europeus não residentes habituais, mas também pela confiança que geraram internamente.

Depois, como se sabe, muita coisa que não devia ter acontecido em Portugal aconteceu e foi difícil separar o trigo do joio e fazer com que o importante sector imobiliário português não servisse de bode expiatório ou de arma para batalhas políticas, e mais difícil ainda esclarecer que o chamado programa dos “vistos Gold” não é, ao contrário de alguns que ainda insistem, um expediente facilitador do branqueamento de capitais e de outros crimes, sendo de grande importância para a Economia Portuguesa, incluindo na criação e manutenção de emprego.

Felizmente, foi possível minimizar os estragos e evitar que as esperanças que existiam no início do ano que agora está a acabar pudessem morrer. Apesar de tudo o ano de 2014 foi um ano bom. Poderia ter sido melhor, é certo, mas apesar de tudo foi um ano bom transferindo alguma esperança para 2015.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 12 de Dezembro de 2014 no Sol

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