Hoje, neste fim de ano de 2014, quero sublinhar, aqui e agora, o que o Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) acaba de tornar público como aliás já foi noticiado – que, apesar de tudo há mais crédito para a habitação.

O crédito à habitação tem vindo a crescer, satisfazendo crescentemente uma procura no segmento de aquisição de casa própria que nunca deixou de existir mesmo quando estava retraída, numa retração em grande parte motivada pela dificuldade de acesso ao crédito.

Paralelamente, o spread médio aplicado pelos bancos aos novos créditos à habitação tem vindo a fixar-se em valores mais favoráveis, o que conjugado com os valores, também em baixa, da Euribor, dão outro alento e esperança ao mercado imobiliário, a renascer como um dos motores da nossa recuperação económica.

Tudo isto está em consonância com uma tendência europeia que penaliza o dinheiro parado e beneficia a sua aplicação nas Economias. A liquidez dos bancos, ou seja, o correspondente às poupanças dos particulares, só ganha sentido útil se contribuir para que as Economias funcionem, gerando emprego e riqueza.

Este é, aliás, um tema cada vez mais a merecer reflexão. Ainda há dias, numa festa de Natal promovida pelo Santander Totta, encontro para o qual tive a honra de ser convidado, alguém, com responsabilidades, lembrava que o dinheiro parado nos bancos tende não a ser remunerado como já foi mas a pagar o estacionamento seguro na instituição escolhida.

O que pode ser e seguramente será remunerado, sendo assim uma opção segura e neste sentido atrativa, é o investimento no imobiliário. Isto explica os números que serviram de base a esta reflexão – em Abril deste ano foram aprovados 169 milhões de euros de crédito à habitação, cinco meses depois este volume de crédito subiu para 203 milhões de euros. 

Comprar casa, seja tendo em vista a habitação própria do proprietário seja como investimento alternativo e seguro a outros investimentos que são, historicamente, mais voláteis, é uma tendência que se mantém e para a qual, felizmente, as instituições bancárias voltam a estar crescentemente disponíveis.

Recordando os esperançosos valores divulgados em Novembro de 2014 pelo Gabinete de Estudos da APEMIP, do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o valor dos empréstimos concedidos neste segmento subiu dez por cento, passando de 500 para 550 milhões, valor que voltou a subir no terceiro trimestre com um volume de 573 milhões de euros.

As instituições bancárias, neste final de 2014, não estão só a gerar más notícias. Pelo contrário, no deve haver das boas e das más notícias, o fim de ano, a olhar para um 2015 que se pretende decisivo para o país, parece querer reacender uma esperança que tem andado, nos últimos tempos, mais pelas ruas da amargura do que pela ruas da alegria. 

É um bom recomeço e todos sabemos como estamos necessitados desse prometido renascimento.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 26 de Dezembro de 2014 no Sol

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