De 26 a 30 de Março de 1939, o hidroavião Yankee Clipper, da companhia PAN AM, esteve retido na baía da Horta, nos Açores, devido ao estado do mar, num atraso que marcou a primeira escala do voo de reconhecimento entre os Estados Unidos da América e a Europa. Menos de um mês depois, esta rota da PAN AM seria certificada para o serviço postal e de passageiros.
Do ponto de vista de um americano fixado nos Estados Unidos, esta rota dirigia-se a Oriente, para atingir uma Europa que ainda se sentia o centro do Mundo, nomeadamente na sua parte ocidental, onde as pessoas de bem e de bens viajavam de barco, preferencialmente para Ocidente. Nos primórdios da aviação comercial projectavam-se apenas duas rotas entre a América e a Europa, uma mais a Norte e outra a Sul, com escala nos Açores e em Lisboa.
Setenta anos mais tarde, quando os céus de todo Mundo se abrem às comunicações aéreas que diariamente se fazem a ritmos de dezenas de milhares de voos, nós por cá, que escrevo nas coordenadas de Portugal, começamos a olhar para outro lado, anunciando-se que a nossa companhia aérea de bandeira, a TAP, já tem autorização para voar, directamente de Lisboa para Pequim e Xangai e do Porto para Pequim.
Voltamos, assim, a olhar para o Oriente, mas também, no sentido inverso, a situar a nossa porta ocidental da Europa muito mais perto dos chineses que queiram e desejem rumar a Ocidente. Para um chinês de Pequim ou de Xangai, onde decorre até ao fim de Outubro a Expo 2010, dedicada à qualidade de vida das cidades, não há Europa mais ocidental do que o território continental de Portugal ou a nossa região insular dos Açores, onde há 70 anos, amaravam os hidroaviões da PAN AM.
Há 100 milhões de chineses que todos os anos saem da China para fazer turismo no estrangeiro. Alguns milhares deles podem passar a entrar na Europa por Lisboa ou pelo Porto, quando se iniciarem os voos das rotas agora autorizadas, o que só depende do acordo de partilha (regime code share) entre a TAP e a companhia aérea chinesa que venha a ser designada para esta parceria.
Como disse, há dias, o senhor Secretário de Estado do Turismo, falando para operadores turísticos no pavilhão de Portugal na Expo2010, “a China desempenha um papel fundamental na economia mundial e é uma das apostas fundamentais da estratégia portuguesa de diversificação”.
E nesta globalidade, no contexto da presente Exposição Universal, cujo tema “Better City, Better Life” (Melhores Cidades, Maior Qualidade de Vida) é uma referência de sustentabilidade, Portugal pode, como poucos, mostrar-se um dos melhores destinos, por ser um dos países que mais aposta no ambiente, nas energias renováveis, ou seja, por ser um país que mais aposta na Terra como o nosso Mundo.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 17 de Setembro de 2010 no Sol