Claro que não existe a palavra arrendalento. Seria um neologismo, uma palavra nova, se eu tivesse estatuto para criar palavras novas ou para dar novos sentidos a palavras antigas – arrendalento poderia ser o resultado da junção do substantivo masculino arrendamento (ato de arrendar) com o adjectivo lento (vagaroso, moroso) e uma palavra oportuna para caracterizar um aspecto muito importante do que está a acontecer no mercado imobiliário português.
Na verdade, se tivesse de reduzir a uma palavra o conteúdo da minha intervenção na conferência que o Jornal de Negócios, em parceria com a CENTURY 21, organizou em Lisboa para lançar um olhar observador sobre o imobiliário, utilizaria esse neologismo “arrendalento”. É que a consolidação do mercado do arrendamento urbano, fundamental para a sustentabilidade do imobiliário, está a avançar a um ritmo muito lento.
A crise financeira que emergiu em 2008 e gerou apertos na concessão de crédito para a aquisição de casa própria, prometeu relançar o mercado de arrendamento urbano, mas a verdade é que esta via para solucionar necessidades de alojamento, particular ou mesmo comercial, ainda não se consolidou como seria desejável. Com a reabertura do crédito imobiliário, esta lentidão do mercado de arrendamento em ocupar o seu espaço acentua-se.
O espaço que o mercado imobiliário português concede ao arrendamento urbano ainda não está ocupado nos valores desejáveis para que o próprio mercado seja equilíbrado. É este o significado do neologismo que escolhi para título desta reflexão – ARRENDALENTO. Foi o que disse há dias numa mesa redonda que partilhei com Jorge Madeira (CGD/ Associação de Bancos), Ricardo de Sousa (Ceo da Century 21) e Romão Lavadinho (Associação de Inquilinos Lisbonenses).
Em Portugal há espaço para a compra e venda de imóveis, tendência de novo relançada, mas também deve haver espaço para o mercado de arrendamento, o preferido ou o possível para muita gente que procura casa e uma boa solução de destino a dar aos investimentos e poupanças que investidores e particulares crescentemente reservam para aplicar no imobiliário. Nesta diversidade de soluções reside o equilíbrio.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 21 de Setembro de 2015 no Diário Económico