A procura de soluções habitacionais no mercado de arrendamento, embora muito superior à oferta, ainda não é, realmente, uma alternativa à aquisição de casa própria, apesar das dificuldades de acesso ao crédito, mas pode vir a ser parte de um plano B para o relançamento do sector da construção e do imobiliário.

Os bancos são hoje muito mais cautelosos, em matérias como a taxa de esforço dos clientes e menos generosos no que toca à avaliação dos imóveis, o que, teoricamente, devia empurrar quem procura soluções habitacionais para o mercado de arrendamento.

Hoje, os bancos só emprestam parte do dinheiro necessário à aquisição do imóvel e a quem dá garantias de o pagar, ou seja, a quem tenha alguma poupança que sirva como velha entrada e a quem não tenha de se esforçar muito para pagar o empréstimo.

Mas apesar deste cenário, a fatia que cabe ao arrendamento urbano ainda está longe do que seria normal esperar, situação que apenas se justifica pela falta de confiança dos proprietários no mercado de arrendamento e pelo peso excessivo da fiscalidade sobre as rendas.

Escrevo esta minha reflexão em vésperas da abertura do Salão Imobiliário da IMOBITUR, e, tenho esperança que, na hora em que possa ser lido pelos leitores do Sol, haja novidades positivas relativamente a este dossier que importa relançar com carácter de urgência.

Importa, como por diversas vezes tenho defendido, que se agilize os processos de despejo por incumprimento por parte dos inquilinos faltosos e importa que as rendas obtidas por esta via sejam fiscalmente taxadas, no mínimo, ao nível dos depósitos a prazo ou dos investimentos feitos em fundos de investimentos, incluindo imobiliários.

Estas são condições necessárias, embora não suficientes, para que a aposta na reabilitação dos centros urbanos possa ser ganha, ou seja, para que consigamos cativar muitos investidores e muitos proprietários de imóveis devolutos, a aceitar um regresso ao mercado de arrendamento, umbilicalmente ligado à reabilitação.

Uma opção realista para o relançamento da reabilitação urbana e, por inerência, do mercado de arrendamento, de crescente procura pelas razões conhecidas, fará também com que o património imobiliário reconstruído se valorize e contagie, nessa valorização, o próprio sector da Construção e do Imobiliário.

È bom também que se lembre que a opção pelo arrendamento não é exclusiva de quem tem dificuldade de crédito para aceder ao mercado de compra e venda – deslocações pontuais, para estudar ou trabalhar, que potenciam este mercado tanto como a procura de alojamento turístico alternativo aos hotéis e resorts.

Todos sabemos que uma andorinha não faz a Primavera, mas não há primaveras sem andorinhas.

Luís Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 25 de Março de 2011 no Sol

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