O facto de sabermos, com toda a segurança, que um dos caminhos para o mercado imobiliário português está na internacionalização não significa que os primeiros ensaios nesta via tenham de ser um claro sucesso. Seria bom que isso acontecesse, mas, é muito provável que isso não aconteça, o que não justifica a tentação da desistência precoce.

Ainda há dias, no caderno da Economia deste jornal, o exemplo de uma das empresas nacionais de tintas (a Barbot) revelava, com eloquência, a necessidade da persistência na busca de um sucesso procurado, sem esmorecimentos, em novos mercados, quando os mercados clássicos se esgotaram ou simplesmente fecharam.

A melhor gestão é sempre a que antecipa e antecipadamente supera os problemas que muitos dos demais concorrentes ainda nem sonham que estão em vias de surgir.  Esta regra, válida para qualquer actividade, incluindo para a actividade empresarial, deve estar permanentemente presente e, por maioria de razões, em momentos, como o actual, que exigem o nosso melhor.

Num Mundo globalizado, a capacidade de internacionalização de certas actividades empresariais pode fazer a diferença, muitas vezes até para evitar a linha fatal da sobrevivência. As empresas também podem (e às vezes devem) emigrar. E para muitas, “emigrar” é, quase como por ironia, dar o salto, na expressão usada no tempo da emigração clandestina.

Haverá, seguramente, escolas que ensinam isto aos alunos candidatos a empresários, mas uma outra via de aprendizagem, não menos importante, são os saberes acumulados pelos próprios empresários que enfrentaram e enfrentam os desafios da internacionalização. É que as empresas também aprendem com as empresas.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 4 de Dezembro de 2010 no Expresso

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