Como tenho vindo a sublinhar, as micro, as pequenas e as médias empresas estão na primeira linha de fogo, ou seja na frente que recebe a maior violência em matéria de agravamento fiscal e também em matéria de acesso ao financiamento que precisam para sobreviver.

A eliminação da primeira taxa de IRC, uma taxa de 12,5%, que se aplicava a empresas com rendimentos até 12 500 euros, é apenas um exemplo deste mundo que assegura o tecido empresarial português, mas não acede, em conformidade, à fonte da vida do financiamento da Economia.

Grandes empresas portuguesas, daquelas que ouvimos falar quando se nomeiam as que figuram nos melhores lugares do nosso índice bolsista, têm vindo a rivalizar em declarações públicas que referem as respectivas satisfações em matéria de financiamentos a curto e médio prazo.

O contraste com as pequenas e médias empresas, consideradas a coluna vertebral do tecido empresarial português, é chocante. De facto, ser grande não é ser melhor, salvo na esperteza às vezes demonstrada para obter maiores benesses do que os outros.

Algumas vezes os maiores, no caso as maiores, pois estamos a falar de empresas, também são as que mais danos, individualmente, causam, quando negligente ou dolosamente, não honram os compromissos assumidos, mormente em matéria de facilidades de acesso ao crédito obtido.

Quando e se isto voltar a ocorrer – pois não é caso inédito – as notícias que poderemos esperar dirão que se esfumaram no ar ou que voaram, de uma só vez e sabe-se lá para onde, uns quantos milhões que jamais veremos e que tanta falta faziam às pequenas empresas que ficam a aguentar o barco.

E quando digo aguentar o barco, refiro-me, por exemplo, ao esforço de manter um volume de emprego necessário ao equilíbrio da nossa vida Económica, tarefa que as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) têm cumprido muito mais do que as grandes, sempre prontas a redimensionar os respectivos recursos humanos.

É por isso que é urgente que as PMEs também possam dizer, como as grandes empresas, que asseguraram, a curto e a médio prazo, as respectivas necessidades de financiamento. Uma notícia destas mereceria ser manchete em todos os jornais.

Seria, ou melhor será, pois não podemos desistir de a poder dar, uma grande notícia para o país. Uma notícia que corresponderá a uma realidade pela qual toda a gente, Troika incluída, deveria ou deverá empenhar-se em nome do nosso próprio futuro.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 30 de Dezembro de 2011 no Jornal Sol

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