O novo Governo, constituído em tempo recorde e a dispor de maioria na Assembleia da República, tem menos tempo do que os demais para fazer com que o ritmo das nossa vidas de cidadãos e da governação readquiram a normalidade, no difícil quadro em que nos movemos. O novo Governo – atrevo-me a dizer –  nem terá direito aos clássicos cem dias de estado graça.

 

De facto, neste tempo, sem tempo a perder,  em que devemos aceitar, como numa velha canção, que “não há ventos que não prestem // nem marés que não convenham // nem forças que o molestem // correntes que o detenham” só pode retomar, é de esperar uma urgência sem quaisquer álibis.

A dinamização do mercado de arrendamento urbano e do mercado da reabilitação urbana que esperam, há três meses, pelo arranque das medidas consensuais para o sector da Construção e do Imobiliário que o executivo anterior alinhavou, não pode esperar muito mais.

Nem mesmo em nome da tentação de inventariar tudo o que se recebeu, num demorado regresso à estaca zero que, no caso em apreço, das medidas de dinamização do mercado de  arrendamento urbano e do mercado da reabilitação urbana, medidas comuns aos projectos políticos de maioria dos partidos, retardar o crescimento económico do país e até a recuperação de muita mão-de-obra perdida.

É nestes momentos e nas opções que se assumem em momentos difíceis como o que vivemos, que podemos mostrar, ou não, se temos sentido de Estado, o primeiro (não o sexto) sentido de quem governa, um sentido que contempla a capacidade de reconhecer o que de bom já tenha sido adoptado ou esteja proposto. 

Estas minhas reflexões não podem ser consideradas, em nenhuma circunstância , uma pressão ilegítima, com características de lobby, emanada daquilo a que os políticos e alguns analistas gostam de nomear, com alguma carga depreciativa, como corporações.

Bem pelo contrário. Ao serem, simultaneamente, um eco dos interesses dos consumidores, na medida em que servimos a procura neste vasto mercado imobiliário, e um eco dos interesses dos promotores, na medida em que também servimos a oferta, crescentemente na consultadoria que prestamos a promotores e proprietários, estas reflexões apontam, claramente, no sentido da defesa da Economia e da recuperação económica. 

Este é, aliás, o sentido permanente de Estado da mediação imobiliária.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 24 de Junho de 2011 no Sol

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