Entre as 1400 palavras que constituem a Mensagem de Ano Bom, que o Presidente Cavaco Silva dirigiu aos portugueses, há 57 palavras muito especiais, que quero sublinhar neste texto, ainda protegido pelo estado de graça de todos os começos de ano. Vou citá-las, “ipsis verbis”, tal como estão escritas na mensagem disponível no sitio da internet da Presidência da República.

“Às instituições financeiras, por seu lado, exige-se que apoiem de forma adequada o fortalecimento da capacidade das pequenas e médias empresas para enfrentarem a concorrência externa. Se o Estado tem a responsabilidade de garantir a estabilidade do sistema financeiro em períodos de turbulência, os bancos têm a responsabilidade social de garantir que o crédito chega às empresas”. Estas 57 palavras foram proferidas pelo Presidente Cavaco Silva mas são, na verdade, a “vox populi”.

Com a autoridade que a formação académica lhe confere, acrescida das assessorias de excelência a que a Presidência da República pode recorrer, o Professor Cavaco Silva, lembrou, que o aumento da dívida externa e do desemprego, aliados ao desequilíbrio das contas públicas, pode fazer com que o país caminhe para uma situação explosiva.

Sem querer pôr-me em bicos de pés, direi que a mensagem do Senhor Presidente da República não podia ser mais oportuna, nomeadamente no que respeita aos apelos lançados para que a banca corresponda à confiança que os Estados, recentemente, provaram ter no sistema financeiro e volte a adoptar políticas menos restritivas.

Lembro que muito do desfasamento existente entre a oferta e a procura no mercado imobiliário é fruto dessa dificuldade de acesso ao crédito. E que isto, pode gerar mesmo situações explosivas, por exemplo, nas periferias cujo património construído envelhece devoluto.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 13 de Janeiro de 2010 no Diário Económico

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