Viajei de Lisboa para Maputo, na TAP, no dia em que a transportadora aérea portuguesa promovia no stand da Bolsa de Turismo de Lisboa (que terminou no domingo passado),  o destino Moçambique, tema da UP de Março, a revista de bordo da TAP, e destino cuja capital, Maputo, passará a ter mais voos semanais regulares provenientes de Lisboa, já a partir de Abril.

Esta notícia é muito mais do que uma mera informação sobre o número de voos diretos que determinada companhia aérea passa a assegurar regularmente entre duas cidades de dois países que distam entre si mais de 8.400 quilómetros, em linha reta, mas estão unidas pela língua oficial. Esta notícia é o retrato da importância de uma companhia de bandeira como a TAP.

Comercialmente, o aumento dos voos justificar-se-á. Mas também se justifica estrategicamente e não apenas para o país sob cuja bandeira voa. A TAP Air Portugal, uma das joias da coroa, cuja privatização parece inevitável no quadro do resgate da nossa dívida pública, a TAP talvez ainda possa assumir-se como a grande companhia aérea do Mundo lusófono, mesmo considerando a existência, nomeadamente no Brasil, de companhias aéreas que dão mais lucro, possuem frotas maiores e transportam mais passageiros e mais carga.

A força da TAP (que figura nas cinco mais seguras companhias aéreas do Mundo) reside no património acumulado ao longo de anos e anos de operações aéreas no chamado triângulo de ouro da lusofonia – entre Portugal , a África e o Brasil – e na possibilidade de condicionar rotas também em nome dos interesses dos países lusófonos e no respeito pelo ritmo de desenvolvimento assumido em cada Estado.

Por extensão direi também que o Mundo lusófono, um espaço de negócios e cultura que se estende da Europa à América do Sul, com vários apoios em África e uma presença na Oceania, precisará sempre de uma companhia aérea como a TAP, habituada e conhecedora desses céus.

A fidelidade da TAP aos céus da lusofonia potencia o crescimento das economias dos países que falam Português, vantagem acrescida que deve ser mantida mesmo num cenário de privatização. Vender uma companhia como a TAP pode ser inevitável, mas alienar o valor que ela foi acumulando é certamente um erro a que imperativamente devemos fugir.

Na verdade, as companhias aéreas não podem medir-se exclusivamente pelos lucros, pelo número de aviões que possuem, pela quantidade de passageiros e de carga que transportam, pela percentagem de voos que cumprem horários. Há companhias que não figurando nos primeiros lugares destes rankings assumem-se como ferramentas para o desenvolvimento dos destinos que servem. A TAP é uma delas e isso não deve ser alienado, especialmente num quadro de privatização.

A vocação estratégica de certas companhias aéreas proporciona crescimento e desenvolvimento económicos aos destinos que servem. Estas companhias, que são grandes sem o parecer, estas companhias é que têm asas que fazem mesmo voar. Esta é que é a verdadeira bandeira que erguem.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e  Presidente da CIMLOP –
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado do dia 08 de março no Sol

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