Não temos 365 dias de época turística alta nem é fácil substituir alguns mercados externos tradicionais, em quebra, por outros mercados externos menos óbvios. Sempre vivemos, turisticamente, a olhar para o turismo de massas, muito influenciados pelas soluções do Sul de Espanha, e a sonhar com a multiplicação de ofertas turísticas de qualidade, de menos procura mas não menos retorno.
Nós, que vamos a banhos desde finais do século XIX, quando as senhoras de bem e de bens davam passeios à beira mar, à tardinha, para apanhar conchinhas, nós estamos agora a escolher caminhos, no meio de algumas encruzilhadas, no que toca ao relançamento do nosso próprio turismo residencial. E temos de ter a consciência de que as potencialidades do imobiliário para a captação de investimentos vocacionados para o turismo não se esgotam nos grandes resorts.
Sabemos que a vocação turística dos subúrbios é nula, mas temos também de ter a lucidez para perceber que só conseguiremos realmente promovermo-nos neste campo se alargarmos o público alvo ao chamado patamar da classe média alta que também tem poder de compra para adquirir segunda habitação e que ao fazê-lo, entre nós, faz movimentar o mercado de forma que realmente se vê.
Qual é a nossa atratividade turística? Somos um povo acolhedor e poliglota que vive numa das entradas do espaço Schengen, num retângulo que a Sul chega a receber 3300 horas de Sol / ano e no Norte 1600, o que para muitas latitudes é já um milagre de Sol. E – o que não é de ignorar – estamos aqui, neste nosso ponto estratégico na Europa, também com capacidade para olhar em direção a África e às Américas, destinos onde tantas vezes aportamos e com os quais construímos pontes, num relacionamento a muitos títulos ímpar.
Isto torna-nos mais atrativos do que outros. Isto e estar entre os melhores países em matéria de acolhimento e de segurança aos estrangeiros que nos visitam ou que aqui pensam residir. É bom que continuemos assim, entre os melhores países para comprar casa, até pela facilidade em obter autorização de residência.
Sem nunca perder de vista que esta oferta não se reduz à venda de autorizações de residência, a melhor ou pior preço, sendo uma oferta de segundas residências, de qualidade e de relação preço / qualidade altamente competitiva, aplaudimos a abertura, equilibrada, à concessão de vistos para quem investe ou adquira património imobiliário num determinado montante mínimo.
Tendo presente que o sucesso de programas como o Living in Portugal estará comprometido se ignorar a promoção de oferta imobiliária cujo valor não chegue para ter o incentivo da autorização de residência. Os roteiros destas nossas promoções devem ter isto bem presente para garantir a nossa atratividade.
Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP –
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 04 de fevereiro de 2013 no Diário Económico