A Dra. Manuela Ferreira Leite considerou, há dias, que o aumento do Imposto Municipal de Imóveis (IMI) é “dispensável”. A antiga líder do Partido Social Democrata (PSD) e antiga ministra das Finanças disse, numa intervenção proferida na 7ª Conferência Anual da Ordem dos Economistas, que aquele anunciado aumento é uma das medidas mais gravosas do Orçamento de Estado para 2012.

Na sua intervenção, a Dra. Manuela Ferreira Leite, sublinhou também o paradoxo do valor do imobiliário baixar numa situação de recessão e de, mesmo assim, o respectivo imposto poder subir em Portugal e, acrescento eu,  para valores incomportáveis para muitos proprietários numa projecção muitíssimo preocupante para a própria recuperação económica do pais.

A maioria das famílias portuguesas são proprietárias da casa que habitam. Quando equacionaram as possíveis soluções para a habitação, o mercado que funcionava em Portugal era o da compra e venda, com um mercado de arrendamento residual.  Hoje, a taxa de esforço assumida com o empréstimo cresceu e mudar para o mercado de arrendamento é solução difícil por ser difícil vender a casa adquirida por valores justos.

Neste cenário que toda a gente – sem excepção – reconhece como verdadeiro, o aumento previsto do IMI é uma tragédia anunciada com a multiplicação da dação de imóveis para pagamento de créditos e as inerentes consequências  para a banca e para uma classe média que está a ser profundamente penalizada pela austeridade que está a ser imposta aos portugueses. Ignorar esta previsibilidade é deitar a perder o próprio esforço de recuperação económica em curso.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

Luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 03 de Dezembro de 2011 no Expresso

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