A opção de conceder mais crédito, em condições favoráveis, a quem queira adquirir imóveis na oferta que as instituições financeiras foram acumulando como ativos indesejáveis, é uma boa notícia e uma opção mais racional do que a desastrosa solução de fazer desvalorizar o preço das casas na esperança de um escoamento rápido.

O simulacro de bolha a que correspondia a desvalorização do património construído era um tiro no pé de graves consequências, pois atingia a maioria das famílias portuguesas que são proprietárias da casa que habitam, sem exceção, ou seja as famílias que tivessem de devolver a casa adquirida e as outras.

Tal desvalorização forçada e só desejada por quem espreita a oportunidade de comprar produto imobiliário de elevada qualidade construtiva a preços baixíssimos, teria um efeito devastador na nossa Economia e acabaria por atingir as próprias instituições financeiras que se tentassem por essa solução.

Esta opção de alguns responsáveis financeiros não é, como alguns dizem, uma espécie de crédito em saldo. É uma solução que irá estancar o desemprego neste sector do imobiliário e manter minimamente intacta a riqueza que muitas das famílias portugueses foram conquistando quando canalizaram, com muito sacrifício, as respectivas poupanças para aquisição de casa própria.

Esta é, aliás, também a principal razão pela qual devemos incentivar, inclusivamente pela renegociação das dívidas, todo o esforço possível que conduza à manutenção do património construído nas mãos das famílias que o adquiriram contra a opção, aparentemente mais cómoda, das dações dos imóveis hipotecados.

Luís Lima
Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt 

Publicado no dia 21 de julho de 2012 no Expresso

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