Quando as coisas não estão fáceis, desistir, capitular, bater na parede, é a pior das reacções. Uma atitude destas, mina, desmoraliza e agrava a situação em vez de contribuir para uma necessária solução.

Um comandante de um navio não pode ser o primeiro a abandoná-lo, e muito menos, quando o rombo que o navio possa ter sofrido está longe de impedir a navegação e pode mesmo ser reparado com êxito.

Discursos nervosos a anunciar o caos e a anarquia e a lembrar que papas à noite fazem azia, são tão azedos como certas sensações de ardor que queimam e parecem subir do estômago até à garganta.

Estas manifestações tratam-se com antiácidos, como por exemplo os bicarbonatos, medicamentos de venda livre que podem ser úteis, se, e quando aliviam alguns daqueles desconfortos gastrointestinais.

Isto parece fácil e sem consequências aparentemente graves, quando se trata da doença do refluxo gastro-esofágico (as coisas que a gente aprende na Internet) que será o nome pomposo para a azia.

Mas não há bicarbonato de sódio que valha às declarações de responsáveis da área das instituições financeiras, quando, inexplicavelmente, anunciam cenários catastróficos e até a iminência da invasão do FMI, para muitos sinónimo de azia.

Isto, apesar de se saber que as nossas exportações não registavam há três anos um crescimento tão acentuado como o verificado no primeiro trimestre de 2010, em parte responsável pelo crescimento do PIB em 1,7%. Sem bicarbonato.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 26 de Maio de 2010 no Diário Económico

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