Os investidores brasileiros estão a procurar cada vez mais Portugal. Este é um fenómeno que não é novo,  como comecei a  dizê-lo desde há cerca de dois anos, mas não há dúvida de que é um fenómeno crescente, sobretudo perante a crise económica, política e social que o Brasil hoje atravessa.

É um fenómeno que pude confirmar no âmbito da minha visita a São Paulo, para participar na cerimónia da entrega dos prémios Master Imobiliário 2016, uma espécie de “óscares” do imobiliário promovidos pela FIABCI Brasil e pelo SECOVI-SP (membro da CIMLOP), que premeiam o que de melhor se faz no Brasil no sector imobiliário.

Nesta visita, tive oportunidade de reunir e auscultar alguns investidores e potenciais investidores brasileiros que demonstraram o seu interesse em apostar em terras lusas. Não há dúvida de que os investidores brasileiros estão a encaminhar os seus investimentos para Portugal. Só no Consulado Geral de Portugal são, em média, atribuídas por mês, 800 novas cidadanias portuguesas a cidadãos brasileiros que assim adquirem a dupla nacionalidade. São investidores brasileiros que deixam de ser contabilizados pelas estatísticas portuguesas como tal, perante a dupla nacionalidade. Na verdade, o investimento brasileiro em Portugal é muito maior do que se pensa.

E seria ainda maior se os registos centrais de Portugal não demorassem cerca de cinco meses a legalizar cada novo cidadão português.

Aliás, os atrasos na concessão de cidadanias, bem como na renovação de vistos e atribuição de novas autorizações de residência no âmbito do Programa de Investimento para Atividades de Investimento, os denominados Vistos Gold, são o maior entrave que potenciais investidores encontram para apostar definitivamente em Portugal, gerando um ambiente de desconfiança que põe em risco os próprios investimentos já realizados, em benefício de outras soluções de investimento noutros países.

Tive oportunidade de debater este e outros assuntos com o Senhor Cônsul Geral de Portugal em São Paulo, Dr. Paulo Lourenço, por quem fui gentilmente recebido nas instalações do Consulado Geral de Portugal em São Paulo, fazendo-me acompanhar por Romeu Chap Chap, presidente da Mesa da Assembleia Geral da CIMLOP, em visita para apresentação de cumprimentos que também serviu para falar sobre a situação do imobiliário português e sobre o crescente interesse dos cidadãos brasileiros neste nosso mercado, e perspetivas futuras para a captação de investimento para o nosso país.

São Paulo, um dos principais estados da República Federativa do Brasil, que estaria entre as 20 maiores economias do Mundo se fosse um Estado independente, continua a ser uma das locomotivas do Brasil e um dos estados brasileiros onde há mais investidores interessados em investir no estrangeiro, nomeadamente em Portugal. Nesta base, a divulgação das várias regiões de Portugal é missão obrigatória.

Há condições objetivas e subjetivas para o crescimento do investimento brasileiro em Portugal nos próximos anos, cimentando uma relação secular existente, nos dois sentidos, entre os dois países. Mas a existência destas condições, algumas estruturais outras conjunturais, não substitui a necessidade da própria promoção dos mercados que se oferecem nos mercados onde há procura. Mesmo entre países que falam a mesma língua, o que pode facilitar muito.

Luís Lima
Presidente da FIABCI Portugal e da APEMIP 
presidente@apemip.pt

Publicado no dia 7 de Setembro de 2016 no Público

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