O Governo prepara-se para portajar mais quatro auto-estradas, ditas sem custos para o utilizador, ou, simplificando com a nomeação pela correspondente sigla, as famigeradas SCUT’s. As novas potenciais portagens vão atingir as auto-estradas Norte-Interior, Beira Litoral, Beira Interior e a algarvia Via do Infante.

São SCUTs cujas alternativas viárias apresentam-se, grosso modo, idênticas às alternativas existentes para as primeiras SCUTs a integrar o rol de auto-estradas a portajar, neste quadro de contenção de despesas públicas que estamos a viver, o que também contribui para a democratização das próprias medidas de aperto de cinto.

Pelo conhecimento que tenho do país, atrevo-me a dizer que, talvez só no interior possamos encontrar algumas justificações para eventuais excepções ao saudável princípio de fazer recair sobre o utilizador o pagamento correspondente ao bem que se utiliza, por muito impopular que seja esta posição entre aqueles que contra ela sopram na vuvuzela.

Pouco dado a buzinões, cuja constitucionalidade não discuto, embora discuta a oportunidade das vuvuzelas contras as portagens, e, até as vuvuzelas que ensurdecem os estádios do Campeonato do Mundo de Futebol, reduzo-me a este buzinão em letra de forma que é escrever, em maiúsculas, como quem grita, uma frase que é justa apesar de batida – UTILIZADOR PAGADOR.

Alguém, de boa fé, poderá contestar esta democratização dos esforços que temos de assumir, colectivamente, para pormos as nossas contas públicas em dia ?

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 23 de Junho de 2010 no Diário Económico

Translate »