Pego numa ideia adiantada pelo moderador do primeiro painel da conferência do Salão Imobiliário de Portugal (SIL2015) e destaco-a sublinhando – está na hora do sector imobiliário elaborar um caderno de encargos credível e exequível para apresentar ao próximo Governo.
O moderador que cito foi secretário de Estado do Governo que está a acabar esta legislatura, foi bastonário da Ordem dos Engenheiros e é administrador do Montepio Geral, com o pelouro deste sector fundamental para a Economia que é o imobiliário.
O Eng. Fernando Santo moderou um painel centrado na identificação das dificuldades e dos constrangimentos que se colocam ao sector imobiliário, onde também estiveram os arquitetos Manuel Salgado e Nuno Leónidas e ainda o Eng. Filipe Azevedo e o Dr. Pascal Gonçalves.
O modelo do debate onde quisemos identificar dificuldades, a cruzar diversas visões, naturalmente diferentes mas essencialmente complementares, revelou-se tão eficaz que teve eco no painel seguinte mais virado para a identificação das oportunidades que se geram neste contexto do sector. As virtudes do trabalho em rede e das parcerias que incluem são indispensáveis para conjugar todos os interesses legítimos que se cruzam neste universo.
Como na oportunidade disse, o olhar que uma instituição financeira deve ter sobre este ou aquele mercado é necessariamente diferente do olhar que terá um responsável autárquico ou um empresário sobre o mesmo mercado. No SIL deste ano conseguimos fazer cruzar estas diferenças e com o contributo de especialistas como o Eng. Fernando Santo conseguimos encontrar sínteses quase perfeitas do passo que importa dar neste momento.
E o mais adequado para este momento, conjugando todos os olhares que conseguimos cruzar, procurando encontrar um denominador comum a cidadãos, a políticos, a empresários – repito a ideia do Eng. Fernando Santo -, o mais adequado é elaborar um caderno de encargos do sector para oferecer ao próximo governo.
Um caderno de encargos que não poderá esquecer o excessivo peso da fiscalidade sobre o património mas também não poderá ignorar as contradições que persistem em muitos aspetos do sector, como por exemplo legislações que não acompanharam a evolução da sociedade e que, por este motivo, são factores de constrangimento e de agravamento desnecessário do custo de produção no sector.
Sendo certo que o próximo governo terá de ser um campeão do diálogo, este desafio de elaborar um caderno de encargos do sector imobiliário para oferecer ao próximo governo torna-se um contributo que deve ser visto como muito positivo. Sem quaisquer sombras dos pecados inerentes ao pessimismo crónico e potencialmente deprimente.
Isto com a acrescida legitimidade de um sector que tem estado na primeira linha da frente da nossa recuperação, resistindo às adversidades que se acumularam deste 2008 sem ceder à tentação que aponta para a desistência. O SIL2015, onde tudo isto foi discutido, assumiu-se, mais uma vez, como o fiel depositário da alma resistente do imobiliário português.
Luis Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 16 de Outubro de 2015 no Sol