O ano de 2014 que está a entrar nas últimas semanas de vida apresentou-se sob a forma de um calendário de doze folhas, unidas entre si, que se fecham em zig-zag como um harmónio japonês e que, quando totalmente aberto, oferece uma visão global e única sobre o ano no alinhamento dos doze meses. Graficamente esta disposição chama-se álbum japonês e é inspirada num sistema de narrativa pictórica muito antigo do Japão denominado emakimono (rolo de pintura) que remonta ao século VIII.

Totalmente aberto, este calendário em forma de álbum japonês mostra-nos o ano com todos os seus esplendores mas também com algumas misérias. Se tivéssemos pintado as folhas correspondentes a cada mês das cores mais clássicas (verde para a esperança, preto para as desgraças, ocre, a cor da terra, para os momentos em que as sementes lançadas começam a mostrar alguns frutos, teríamos uma mancha predominantemente verde com alguns traços, alguns deles fortes, a negro e também – reconheça-se – algumas pinceladas a ocre.

De facto, o ano de 2014 apresentou-se, há um ano, cheio de projetos de intenções e de vontades de mudanças que pudessem relançar a nossa Economia, ainda débil, num relançamento que contava com o sector imobiliário e que visava como sempre acontece, proporcionar e gerar riqueza suficiente para satisfazer as nossas necessidades e para satisfazer os nossos compromissos, quer os que contraímos com terceiros quer os que resultam das nossas obrigações como Estado Social.

Esta enorme mancha esperançosa de verde, manifestou-se muitas vezes, direi mesmo que de forma dominante durante todo o ano, oferecendo as condições para que a nossa terra, fecundada, desse frutos e salpicasse o verde de ocre mas também foi manchada por fortes riscos a negro que assinalam as ocorridas e inesperadas situações que fizeram com que alguns abrissem a boca de espanto e outros chegassem a desacreditar do nosso próprio futuro.

Um futuro que à entrada do ano 2014 contava (como ainda conta) com o imobiliário português como pedra fundamental para a solução que o país exige, um mercado imobiliário  que é visto do estrangeiro como um bom destino para investimentos seguros, pela qualidade da nossa construção e, principalmente, pela ausência de qualquer indesejável e perigosa bolha de preço como as que, num passado ainda recente, atingiram mercados imobiliários perto e concorrentes do nosso.

Os programas de captação de investimento estrangeiro através do imobiliário português revelaram-se, em 2014, muito úteis e continuam a ser, apesar das sombras que alguns lançaram sobre tais fórmulas, muito importantes para a nossa Economia incluindo no campo da criação de emprego perdido pelo sector e na manutenção de emprego ainda existente. Isto é visível pelo crescimento da Reabilitação Urbana e pela dinamismo do Turismo residencial.

O ano de 2014 poderia ter sido melhor? Claro que sim. Teríamos dispensado algumas das surpresas desagradáveis com que fomos confrontados mas, apesar destas pedras que encontramos pelo caminho foi, globalmente, um ano bom como vemos se o olharmos como num álbum japonês.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 15 de Dezembro de 2014 no Jornal i

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