Relativamente a esse enorme rio que dá pelo nome de Mar Mediterrâneo, rio que nasce para os lados da Ásia Ocidental, banha o Norte de África e a Europa do Sul, desaguando, como diziam os Fenícios, no Guadiana, nós vivemos, bem sossegadinhos, na calma margem direita. Só temos é que saber captar os turistas que estão a fugir da margem esquerda.
Fugindo dos forçados assoreamentos que as revoluções de jasmim em curso na margem esquerda do Mediterrâneo estão a causar, milhares e milhares de turistas que procuravam aquelas águas cálidas e calmas estão agora a procurar novos destinos, menos agitados e estão disponíveis para novas ofertas minimamente atractivas.
Nós, por cá, se soubermos aproveitar a oportunidade oferecendo uma alternativa claramente diferente mas de idêntica ou superior qualidade, temos boas hipóteses de captar para a margem direita uma fatia significativa do turismo da margem esquerda do Mediterrâneo que está realmente órfã.
O êxito de uma estratégia vencedora para este desafio – que é também o da internacionalização da nossa Economia – implica a rápida adopção de campanhas de promoção turística, que sejam sérias e de qualidade, e, implica uma verdadeira cultura de exigência na própria oferta que se disponibiliza.
É que, mais importante do que cativar um número significativo de turistas que estarão, pontualmente, a desistir de programas na margem esquerda do Mediterrâneo, é ser capaz de impor a nossa própria oferta a esses novos turistas, mesmo depois da desejável normalidade política e social nos países agora com conflitos políticos.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 2 de Abril de 2011 no Expresso