A Europa como centro do Mundo, com maiores ou menores laços entre os aliados do Atlântico Norte, cuja organização defensiva militar reequaciona o conceito de ataque, abrangendo agora também os ataques que possam utilizar a rede da Internet como palco, a velha Senhora, como era chamado este nosso continente no tempo dos impérios coloniais, está a ceder lugar a outras centralidades, nomeadamente na América do Sul, onde o Brasil ganha profundo destaque.
O Brasil, país que empresta a primeira letra do nome à sigla que identifica as chamadas economias emergentes – os BRIC, assim baptizados para aproveitar as iniciais de quatro colossos, o já citado Brasil, a Rússia, a Índia e a China -, o Brasil aspira a ser um membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e, assume, na pessoa do actual presidente Lula da Silva, um protagonismo internacional só atribuível a líderes de grandes potências.
Julgo que ainda é importante recordar que o Brasil, sem dúvida uma grande potência nessa grande indústria que é o futebol, vai receber em 2014 o Campeonato Mundial da Modalidade e, dois anos mais tarde, organizar na cidade do Rio de Janeiro, os Jogos Olímpicos de Verão, manifestação desportiva mundial a que poucas economias podem chegar. São sinais mais do que evidentes da crescente importância deste enorme país onde se fala Português.
Esta crescente importância do Brasil na diplomacia mundial afere-se com maior clareza na análise da recente viagem do presidente Lula da Silva ao Irão. Em Washington, tal visita foi vista como uma última tentativa de diálogo de Teerão com o Mundo, e, o Presidente francês Nicolas Sarkozy garantiu, em comunicado do Eliseu, “ total apoio aos esforços empreendidos pelo Brasil para convencer autoridades iranianas a responderem plenamente aos pedidos da comunidade internacional sobre o programa nuclear”.
Não como membro permanente, o Brasil tem, neste momento, assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas e tem desenvolvido grandes esforços, a par da Turquia e do Líbano, também estes com assento no Conselho de Segurança da ONU, para que se encontre uma solução negociada no tratamento do caso do nuclear iraniano. O Brasil é já – gostemos ou não – o mais importante país da lusofonia, desde logo, por ser também o de maior população, quase vinte vezes mais do que a população portuguesa.
Por tudo isto, é muito importante sublinhar como boa, a opinião do Presidente Lula da Silva, em declarações recentemente prestadas em Lisboa, segundo a qual o Brasil pode alavancar fortemente a economia portuguesa. É que, o nosso centro está agora mais firme no hemisfério Sul.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 4 de Junho de 2010 no Sol