Não é costume da minha parte usar este espaço para falar de assuntos que me são mais caros a título pessoal, no entanto, a minha veia de Portuense não me permite deixar de denunciar o que está errado e de enaltecer o que vai bem.

Na passada semana referi aqui, neste mesmo espaço, que a TAP é uma via indispensável para consolidar as estratégias de investimento no nosso País, que tem visto o Turismo e o Imobiliário a ser dos sectores que mais contribuem para o seu desenvolvimento económico.

No entanto, neste panorama, a transportadora aérea nacional tem relegado para segundo plano a cidade do Porto, desvalorizando a importância desta rota e insistindo na centralização em Lisboa.

Se, por um lado, aqui escrevi sobre alguns problemas da TAP que eu próprio identifiquei e que me parecem uma verdadeira e vergonhosa camuflagem para que se diminua importância da rota Porto, por outro, não quero deixar de aqui realçar exemplos positivos, como é aquele que a Ryanair tem dado, pela relevância com que tem integrado esta cidade na sua estratégia.

Não há dúvida de que as companhias low-cost vieram democratizar de forma significativa a forma de fazer turismo, não só em Portugal como no mundo. As companhias aéreas tradicionais viram-se confrontadas com o aparecimento destes novos protagonistas no mercado, que investiram num modelo de gestão inovador, baixando os custos dos voos para os seus clientes. Desta forma, viajar de avião deixou de ser uma atividade apenas para ricos. O Turismo abriu-se a um novo tipo de consumidores, que ganharam capacidade económica para viajar, ou que passaram a poupar nos voos, mas a despender mais gastos noutros sectores dos países de destino, como a Hotelaria ou a Restauração.

Portugal é um ótimo exemplo da influência que estas companhias tiveram no seu boom turístico, consolidando destinos como o Algarve, Lisboa, Porto, Madeira e Açores, que viram o número de turistas aumentar, não só entre os estrangeiros, mas também entre cidadãos portugueses.

Neste panorama, a Ryanair teve uma importância fulcral na afirmação do destino turístico “Porto”, ajudando a promover esta rota que prosperou de forma fortíssima.

Como já disse há algum tempo, se eu mandasse, atribuía a Medalha de Honra da Cidade do Porto a Michael O’Leary, CEO da Ryanair. Esta é uma distinção que é atribuída a quem tenha prestado à cidade serviços de excecional relevância, e não tenho dúvida que este CEO Irlandês fez muito pelo nosso País e pela minha cidade, promovendo o turismo, e desta forma, a forte ligação entre este sector e o imobiliário.

Não tenho conhecimento se o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Moreira, já terá feito ou não esta distinção, mas se não fez, deixo publicamente a minha sugestão, por acreditar verdadeiramente que esta companhia aérea democratizou o turismo e reforçou o investimento imobiliário no nosso País, em geral,  na cidade do Porto em particular.

Infelizmente, ainda não temos companhias low-cost que nos permitam consolidar rotas portuguesas de longo curso a sair de outras cidades que não Lisboa, que possam colmatar o incompreensível desinvestimento da TAP. Recordo a importância fulcral que os voos diretos entre o Porto e São Paulo, por exemplo, tiveram para o investimento imobiliário na cidade.

Não quero deixar de fazer justiça à Capital, que é igualmente uma cidade belíssima, mas o que se trata aqui não é de lutas entre Porto e Lisboa, mas sim de apostar mais forte na descentralização, e deixar rumar a outros pontos do País os benefícios que o Turismo nos pode trazer em termos económicos, adaptando as estratégias à realidade atual.

Chega de aterrarmos sempre nas mesmas pistas. As gentes das nossas terras agradecem. E a Economia do País também!

 

Luis Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 21 de junho de 2017 no Público

Translate »