A cidade do Porto está na mira dos turistas, como se comprova pelas sucessivas distinções que tem recebido, entre as quais a de melhor destino europeu do ano, numa competição promovida pela European Consumers Choice. É a terceira vez que o Porto traz este galardão para casa, depois de o ter conquistado em 2012 e 2014. Hoje o boom turístico no Porto é inegável, trazendo uma multiplicidade de turistas que vêm abrir os seus horizontes e ajudar a alargar os nossos.

Sendo eu do Porto, sou suspeito para realçar as características fabulosas desta cidade invicta, mas dúvidas houvesse e os visitantes desfá-las-iam num instante. É com muito orgulho que observo a alegria contagiante dos estrangeiros que visitam a minha cidade, bebendo todos os mais singelos pormenores do que o Porto tem para oferecer. Além-fronteiras, são eles os melhores embaixadores desta cidade.

Posto isto, entristece-me observar o desinvestimento da TAP no aeroporto Sá Carneiro, e nos últimos três meses, fui eu próprio alvo de algumas situações caricatas que o comprovam.

Numa primeira viagem de cariz pessoal, aceitei pagar por um voo direto do Porto um valor superior do que se fosse por Lisboa, por uma questão de comodidade. Aproximada a data da viagem, a TAP informa que a rota foi extinta, obrigando-me a fazer escala em Lisboa. Perdi dinheiro, pois se tivesse reservado por Lisboa desde início teria sido mais barato. Numa segunda viagem para Luanda, verifico que a TAP não tem voo direto a partir do Porto… mas a concorrência sim. Dois, até. Por fim, ao reservar uma viagem para São Paulo, observei que os voos diretos do Porto são entre 20 a 30% mais caros do que os voos que fazem escala em Lisboa. Falo de voos com as mesmas tarifas, e de duas viagens (Porto-Lisboa-São Paulo) em vez de apenas uma. Ora, esta diferença de preços é gritante e é óbvio que o viajante mais atento e menos comodista optará sempre pela rota mais barata.

Estas situações soam-me a camuflagem pura para que se diminua a importância da rota do Porto, em prol da criação de um hub em Lisboa. Não se justifica que uma companhia aérea nacional prejudique assim uma cidade em cujos olhos do mundo estão postos.

Depois da diminuição dos voos diretos e da extinção de rotas muito importantes, não quero acreditar que a TAP possa estar a montar uma espécie de armadilha que influencie os números dos viajantes de longo curso a vir e a sair do Porto, para desvalorizar a importância desta rota e afirmar a centralização em Lisboa.

Atualmente o mote devia ser a descentralização, com uma aposta cada vez mais incisiva em rotas que permitam dar a conhecer todos os cantos do nosso País. E nesse aspeto, até o sector imobiliário, que é sempre olhado como a ovelha negra do rebanho económico, tem dado o exemplo.

A TAP é uma via indispensável para consolidar as estratégias turísticas de Portugal. Um País como o nosso, que tem visto o Turismo a ser dos sectores que mais contribuem para o seu desenvolvimento, tem de assegurar que os seus principais destinos turísticos são servidos, em quantidade e qualidade, de voos para os mercados que engrossam a demanda existente.

As estratégias devem ser adaptadas à realidade. Chega de estarmos sempre a aterrar nas mesmas pistas…

Luis Lima

Presidente da APEMIP

presidente@apemip.pt

Publicado no dia 07 de junho de 2017 no Público

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