Os incumprimentos nos contratos de arrendamento urbano estão a aumentar, apesar da oferta ser escassa para a procura. Tão escassa que, ainda há dias, li o testemunho de um colega a dizer que as casas que se oferecem no mercado de arrendamento não chegam a aquecer lugar nos sites das empresas de mediação imobiliária – encontram interessados em 48 horas.

A imensa procura, fruto da dificuldade em obter crédito bancário, gera uma grande desatenção, da procura e da oferta, relativamente à taxa de esforço das famílias que procuram uma solução habitacional no arrendamento.  O resultado é um aumento potencial dos níveis de incumprimento.

Com dificuldade em contrair empréstimos para aquisição de casa, muita gente opta pelo arrendamento urbano e, com medo de não conseguir casa num cenário de oferta profundamente escassa, para as necessidades do mercado, aceita ofertas que podem estar na fronteira da sua própria capacidade de esforço.

Numa situação como a actual, ainda à espera de uma solução rápida e justa para os processos de despejo, mina-se a pouca confiança que este mercado sempre ofereceu, e com ela uma alternativa ao investimento com implicações na reabilitação urbana das principais cidades.

Dando de barato o facto desses rendimentos continuarem a ser considerados em sede de IRS, por valores muito elevados se comparados aos que se aplicam nos depósitos a prazo, ou até, para maior contradição, nos fundos imobiliários.

Luís Lima
Presidente da APEMIP

 

Publicado dia 9 de Janeiro de 2011 no Diário Económico

Translate »