Escolho duas cidades de características diferentes – Lisboa e Viseu – para, neste regresso às reflexões que a problemática do imobiliário exige de mim, agora que já estou livre de uma disputa eleitoral que ocupou mais tempo do que previra, exemplificar a tendência que deve marcar o presente ciclo de gestão municipal, nos centros com necessidades de reabilitação urbana. 

Poderia ter escolhido outras cidades, que também serviriam de exemplo para o que quero sublinhar, mas Lisboa e Viseu são dois municípios que sendo diferentes, pela dimensão, pela situação geográfica e pelo peso que o desafio da reabilitação lhes coloca,  são, em muitas outras dimensões, muito semelhantes, reconhecendo eu os dois presidentes de câmara como autarcas sensibilizados para a defesa do património construído.
 
Refiro-me aos excelentíssimos presidentes da Câmara Municipal de Lisboa e de Viseu, os Drs António Costa e Almeida Henriques, ambos merecedores de maioria absoluta (o primeiro numa reeleição e o segundo eleito pela primeira vez para o cargo), e ambos também, mais do que sensibilizados, empenhados na tarefa da reabilitação urbana, vocação municipalista que está acima das opções ideológicas.
 
Os desafios que, nesta matéria,  enfrentam estes dois autarcas, um deles com provas já dadas neste campo da Reabilitação Urbana, outro a lançar-se nesta tarefa de recuperar o valor patrimonial das cidades, os desafios em causa têm como denominador comum a defesa dos espaços urbanos em prol da cidadania das populações e isto faz a diferença de qualquer mandato.
 
O próximo quadro de referência em apoios comunitários, para vigorar entre 2014 e 2020, vai privilegiar fortemente a reabilitação das cidades e quem estiver preparado para acompanhar essa dinâmica pode beneficiar melhor desses apoios e, consequentemente, proporcionar às populações residentes outra qualidade de vida, num processo que também contribuirá para a significativa diminuição do desemprego no sector imobiliário.
Como vezes sem conta tenho sublinhado, ignorar as exigências de reabilitação do património construído é opção que nem os países mais ricos aceitam. Por maioria de razões, o nosso, que atravessa as dificuldades que todos conhecemos, não pode dar-se ao luxo de continuar a fingir que não vê a degradação do centro das nossas cidades em competição com periferias e periferias de periferias igualmente caracterizadas pela desumanização urbana.
 
A aposta na reabilitação dos centros urbanos – é bom não esquecer – reordenará as próprias dinâmicas urbanísticas, no sentido da poupança, nomeadamente de energia, pelo repovoamento dos centros e consequente diminuição dos movimentos pendulares com as periferias. Além de criar espaços urbanisticamente agradáveis, que geram perspectivas de futuro, tanto mais sustentáveis e reais se baseados num debate permanente entre políticos, investigadores e estudiosos, empresários ligados ao imobiliário e ligados à construção ou até mesmo artistas que queiram intervir nas cidades.
 
As cidades e os cidadãos requerem esta permanente renovação dos espaços para a cidadania.
 
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Presidente@cimlop.com

Publicado no dia 20 de novembro de 2013 no Público

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