É cada vez mais claro que em 2015 vai haver mais crédito a acompanhar a procura no mercado imobiliário de compra e venda, que os preços das casas vão aumentar, regressando paulatinamente aos valores normais, e que vai continuar a existir procura externa por parte de investidores que olham para o nosso imobiliário como um refúgio seguro para os respectivos investimentos. Tudo isto, apesar dos incidentes de percurso verificados em 2014, incidentes alheios ao sector, mas de consequências diretas e indiretas no próprio sector.   

O Regime Fiscal para Residentes Não Habituais e as Autorizações de Residência para Investimento, programa mais conhecido pelo nome de “vistos Gold”, vão continuar seguramente a contribuir para a recuperação em curso, fazendo com que o imobiliário se assuma como fundamental para que os grandes objectivos da nossa Economia e das nossas contas públicas se cumpram, sendo de prever que os incentivos à captação de investimentos estrangeiros possam conhecer condições mais favoráveis quando e se destinados a localizações nacionais menos procuradas.

Todos os grandes operadores nacionais do sector são unânimes em salientar a nova política da banca no que respeita à concessão de crédito, uma tendência que também está na base do aumento significativo dos negócios com transações imobiliárias em Portugal durante o ano de 2014, relativamente a 2013, e até aqueles que ainda há pouco aconselhavam quem não precisava de vender a reter os respectivos activos reconhecem agora que a situação está a mudar e o momento volta a estar equilibrado no que respeita ao balanço procura/oferta.

O número de transacções de casas no ano de 2014, ainda não totalmente apurado, cresceu seguramente entre 10 e 15%, e poderia ter chegado aos 25%, como sempre sublinho, se o sector não tivesse sido contagiado por efeitos de retração na sequência de algumas situações anómalas, ocorridas quer no sistema financeiro quer na Administração Pública. Sem excessivas lamúrias quanto a estas ocorrências é bom que as não esqueçamos para melhor encontrarmos as soluções que as evitam.

Sendo também certo que o aumento da quota do mercado de arrendamento tenderá a estabilizar, é também de referir que o mercado de compra e venda volta a tender para ocupar a chamada fatia de leão do mercado imobiliário. Com o regresso das políticas de reabertura de crédito, mesmo considerando o cenário de prudência em que tal está a ocorrer, o arrendamento não continuará a subir e fixar-se-á nas ofertas mais clássicas para esta procura. 

Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, homem de visão, estaria também optimista se soubesse o que está a acontecer com alguns dos grandes edifícios que marcam a praça que ostenta o nome dele, no topo da Avenida da Liberdade, em Lisboa, e com outros noutras localizações e noutras cidade. Só no ano passado foram vendidos na zona do Marquês de Pombal sete edifícios, num volume de negócios superior a 85 milhões de euros, com transações a serem feitas a investidores estrangeiros, muitos dos quais de novos mercados interessados em Portugal.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 30 de Janeiro de 2015 no Sol

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