Um dos licores mais famosos de Portugal, também pela originalidade das campanhas publicitárias que o promovem, elegeu, nestas festas, dois potenciais bons clientes, um tal de Nicolas e uma tal de Ângela que, assim de repente, até parecem o Presidente da França e a Chanceler da Alemanha.

A estes queridos, como se lê nos anúncios que por aí andam, em cartazes de rua e na imprensa escrita, garante-se que Portugal está a dar o seu melhor. Ele e ela sorriem, com a garrafa do licor na mão, em imagens que nos lembram a necessidade de exportar, exportar muito, licor incluído.

Mas a querida Ângela, e talvez também o querido Nicolas, não precisavam de receber esta bebida nacional para saberem que Portugal está a dar o seu melhor. Sendo um dos países alvo da especulação financeira dos mercados secundários que compram dívidas soberanas, Portugal ajuda muito países como a Alemanha.

As mais recentes emissões de dívida alemã estão a ser colocadas no mercado a juros irrisórios e muito mais baixos do que aqueles que Berlim conseguia em 2008 e 2009 . Com a crise das dívidas soberanas, a Alemanha já poupou, e vai continuar a poupar, milhares de milhões de euros em juros.

Não é exagero publicitário lembrar à querida Ângela que “Portugal está a dar o seu melhor”. Infelizmente, não se vê qualquer retorno por parte dos países ricos da Europa, cheios de hesitações e tibiezas em matéria de afirmação do euro e de uma real coesão dos países que o adoptam como moeda única.

As economias periféricas da União Europeia não são assim tão más como as pintam em Berlim e em Paris, para citar apenas um eixo.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 17 de Dezembro de 2011 no Expresso

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