Quem é escolhido para governar, aceita que os interesses gerais do país se sobreponham a quaisquer interesses particulares, incluindo os mais nomeados nestas circunstâncias, ou seja, os do grupo político a que pertence o escolhido.

Foi seguramente isto que, o Dr. Marques Mendes, antigo líder do PSD que se evidenciou pela firmeza como combateu situações politicas menos éticas, quis dizer quando recentemente elogiou Passos Coelho pelo rumo que o primeiro-ministro está a traçar, apesar dos riscos socais.

Para o antigo líder social democrata, as impopulares medidas de austeridade em curso, não terão alternativa e seriam as mesmas (em 95% dos casos quantificou) caso as últimas eleições tivessem ditado a continuação de um governo com as cores do anterior.

Num olhar crítico sobre a situação que vivemos, o Dr. Marques Mendes disse que ele próprio sentia uma revolta interior contra algumas decisões políticas, na linha da angústia que está a colar-se a muitos setores da população, preferindo, no entanto, cobrar tais sensações mais ao passado do que ao presente.

Perante estas reflexões, o que ressalta para quem olha para a politica com a esperança de ver solucionar os problemas da sociedade é uma incompreensível incapacidade de equacionar caminhos de futuro menos angustiantes, quando tantos parecem estar de acordo.

Se não pensarmos que, aqueles que assumem posições diferentes das nossas, o fazem em nome de interesses mesquinhos e particulares e se aceitarmos que tais propostas são, sinceramente, as que os outros julgam as melhores para o país, talvez seja mais fácil concertar o nosso futuro próximo.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 27 de fevereiro de 2012 no Jornal i

Translate »