Os números também são como o algodão e não enganam e entre os mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) estão números que revelam que nos primeiros nove meses de 2014, os preços de venda de casas subiram, em média, 2,5%, naquela que é a primeira subida homóloga em quatro anos.

Sabemos que a quebra de preços no imobiliário foi artificial e gerada pela crise económica, nomeadamente pela retração na concessão de crédito para aquisição de casa própria, mas os sinais que estão a surgir neste final de 2014 anunciam uma inversão deste ciclo e alguma recuperação para o sector.

Mesmo considerando um ligeiro recuo nesta tendência verificado no terceiro trimestre (- 0,4%), a evolução positiva do índice de preços da habitação é globalmente positiva. De Janeiro a Setembro de 2014, os preços das casas aumentaram, em média, 2,5%. A confiança que os investidores estrangeiros demonstram no imobiliário português é felizmente contagiante.

Há muito que projetava esta evolução relacionada com os imóveis transaccionados a investidores estrangeiros, através dos programas de Autorização de Residência para Atividades de Investimento (Vistos Gold) e do Regime Fiscal para Residentes não Habituais, sem prejuízo das próprias dinâmicas do mercado interno, apesar das vicissitudes subjetivas que têm pairado sobre a nossa realidade.

Mas o facto de existirem nos investidores estrangeiros que procuram o nosso imobiliário, não apenas pessoas a pretender rentabilizar o seu investimento em mercados imobiliários seguros mas também muitos cidadãos em idade de reforma, de classe alta, que procuram localizações privilegiadas como a nossa, é um sinal que ajuda ao regresso da confiança

Sinal relacionado é o do aumento do crédito à habitação, num cenário que, em alguns casos, até está a ser promovido com quebras nos spreads das instituições bancárias que voltam a apostar neste mercado. O número de imóveis, revelado pelos números do INE, que foram transaccionados nos primeiros nove meses de 2014, quase 59 mil, é o mais elevado deste 2011, admitindo-se que o aumento das transações imobiliárias em 2014 se situe acima dos dez por cento.

Tenho fundadas esperanças que 2015 confirme com números mais fortes esta recuperação do nível de vendas e dos próprios preços dos imóveis. O potencial do investimento estrangeiro é elevado e contagia o próprio mercado interno. Com a vantagem  de que o investimento estrangeiro não se limita à aquisição de um imóvel.

Tenho também algum orgulho em ver confirmada a ideia que sempre defendi, contra muitos ventos e muitas marés, incluindo algumas de agências de notação internacionais, no sentido da defesa do valor do nosso imobiliário, aferido pelos preços e pela qualidade da oferta, contra as tentativas – e foram muitas – de o fazer desvalorizar artificialmente.

O património imobiliário português é uma riqueza que não se volatiliza, certeza que não invalidade a necessidade de continuarmos a cuidar dele como ele merece. Até por ser, em grande parte, fruto do sacrifício de muitas famílias portuguesas.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 29 de Dezembro de 2014 do Jornal i

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