A realidade confirma e antecipa as melhores projeções teóricas sobre tudo, ou quase tudo, o que é humano, num fenómeno que é evidente nos melhores mercados. Em Portugal está, há muito, quantificado o peso dos principais clientes extracomunitários nas lojas sediadas entre nós, com os angolanos e os brasileiros a deterem, em conjunto, 68 % da fatia global.

De acordo com os dados estatísticos mais recentes comerciais, em 2012 os consumidores angolanos que visitaram e fizeram compras em Portugal confirmaram o primeiro lugar no ranking extra comunitário sendo responsáveis por 44% do volume de negócios aqui registado, seguidos dos consumidores brasileiros com 24% do volume total.

Sem contabilizar hotelaria, restauração ou serviços, nas contas da empresa financeira que opera o reembolso do Imposto de Valor Acrescentado (IVA) de produtos livres de impostos para estrangeiros (tax free), os angolanos gastaram, em 2012, mais de 93 milhões de euros em compras em roupa e moda, em relojoaria e joalharia e em malas e acessórios de viagem para citar apenas os produtos mais procurados.

Grande parte destas transações, ocorrem nas lojas de referência da Avenida da Liberdade ou do Centro Comercial Colombo, ambos em Lisboa, em lojas de culto e de luxo ou em cadeias de produtos da moda destinados às classes média e média alta que, inclusivamente, já têm o hábito de promover programas para fidelizar esta clientela.

Uma clientela cujos gastos, per capita, mantêm-se relativamente estáveis o que muito contribuiu para que a chamada crise passe um pouco ao largo destes nichos de mercado, como ilhas protegidas das grandes tempestades marítimas que têm caracterizado o nosso tempo.

À semelhança do que outrora acontecia relativamente aos viajantes brasileiros, são os viajantes angolanos quem mais visita ou faz escala em Portugal, fazendo compras entre nós, mesmo quando também visitam outros países da Europa e nesses países igualmente fazem compras. A proximidade cultural que a língua em comum potencia, é a grande responsável por este movimento comercial, essencial para Lisboa e para o país.

Estar numa rota comercial ou ser escala ou destino turístico é uma vantagem que não pode ser descurada e que tem de ser explorada nas direções que os mercados sabiamente apontam e que, como se vê, ganham outra força se apoiados pela língua comum, por este nosso Português que mais de 300 milhões de pessoas, em todos os continentes do Mundo compreendem.

O Mundo lusófono, um espaço de negócios e cultura que se estende da Europa à América do Sul, com vários apoios em África e uma presença na Oceania, onde todos aqueles que têm de comunicar entre si, mormente para concretizar transações de qualquer ordem, sempre irão sentir-se mais seguros e mais confortáveis se puderem comunicar numa língua comum.

Como dizia a abrir esta reflexão, a realidade confirma e antecipa as melhores projeções teóricas sobre tudo, ou quase tudo, o que é humano. E a realidade confirma a justeza da aposta na Lusofonia.

Luís Lima
Presidenta da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 22 de Julho de 2013 no Diário Económico

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