Escrevo este artigo em Lisboa, em pleno Salão Imobiliário de Portugal, no SIL 2010, e, sinto que o tema tem de ser o da urgente reabilitação dos centros urbanos – está a ser o tema central deste salão imobiliário, feira que não se manterá no Parque das Nações tempo suficiente para que este texto possa também convidar os leitores a darem um salto à Feira, e é, de facto, uma solução para a Fileira da Construção e do Imobiliário e para a própria economia do país.
Acresce que na hora em que o escrevo, estou também a preparar, com o meu amigo e presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), Eng. Reis Campos, a audiência que vamos ter com o Senhor Primeiro Ministro, audiência marcada para a próxima segunda-feira, data que, para os leitores, face à quantidade de dias que separam o dia da escrita do dia da publicação, será a segunda-feira passada.
O tema deste encontro – reabilitação e regeneração dos centros urbanos das principais cidades portugueses – é, de facto, um dossier incontornável, tão incontornável que suspeitamos, positivamente, que o Orçamento de Estado para 2011, apesar dos apertos, possa contemplar medidas susceptíveis de impulsionar esse desígnio da Economia Nacional, que é a reabilitação urbana, para um patamar com condições de criar cerca de cem mil novos postos de trabalho.
Também nesta matéria, temos de nos aproximar da Europa. Como lembrou o Eng. Reis Campos, numa intervenção proferida no ciclo de conferências internacionais do Salão Imobiliário de Lisboa, a percentagem das obras de reabilitação urbana no todo da construção civil em Portugal andará pelos 6%, número irrisório se comparado com a média europeia e com muitos países ricos da Europa.
Nesse mesmo debate, António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) insistiu também nessa tecla, defendendo como essencial para a sobrevivência e desenvolvimento do sector da Construção e do Imobiliário o movimento de retorno e de regeneração das cidades, levantando um pouco o véu para um estudo que a CIP encomendou sobre a matéria, estudo então ainda por divulgar, mas que, entretanto, terá já sido tornado público.
Em tempo de aperto, as boas declarações de intenções sobre a importância e a urgência da reabilitação urbana devem dar lugar aos projectos práticos e exequíveis, para inverter uma ausência gritante de uma cultura da reabilitação, que é, talvez, o sinal mais preocupante da nossa mentalidade neste, como noutros domínios essenciais.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 29 de Outubro de 2010 no Sol