O futuro a médio prazo da nossa Economia pode espelhar-se em vários cenários, mas todos eles implicam que aproveitemos ao máximo os nossos recursos humanos mais qualificados e que construamos infraestruturas indispensáveis à mobilidade de pessoas, nomeadamente por via aérea e por via ferroviária.

Podemos ser uma República Dominicana neste Atlântico Norte, apostando na Natureza e nos tempos livres dos turistas que nos visitam ou um espécie de Florida portuguesa, também virada para o Turismo, mas com a mais valia de ofertas de serviços de saúde para públicos específicos.

Podemos ainda ser uma nova Flandres, exemplo que nos mostra como destino turístico, mas também como placa giratória para mercadorias, apostando nas nossas principais estruturas portuárias ao longo da nossa vasta Costa Atlântica ou podemos ser uma nova Costa de Espanha.

Qualquer destes cenários implica, como magistralmente os descreveu o Professor Félix Ribeiro, na Conferência sobre Construção em Portugal e no Mundo, que teve lugar, faz hoje uma semana, na Associação de Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, mais construção e mais obra pública.

A necessidade de uma ligação ferroviária de alta velocidade à Europa, via Madrid, foi bem explicada pelo Dr. Félix Ribeiro, quando recordou que o TGV está para os madrilenos que queiram vir a Lisboa, para desfrutar a cidade e o que ela oferece, como a linha do Estoril estava no princípio do século XX para os lisboetas que gostavam de ir ao Casino.

Não é fácil, num momento como o que vivemos, falar da necessidade de projetos de infraestruturas que facilitem grandes movimentações de pessoas e mercadorias, mas sem esse valor acrescentado dificilmente poderemos cativar uma fatia do bolo das transações globais, sem as quais mais sentiremos os efeitos negativos de ser periferia.

Como destino turístico de amenidades no todo nacional, elevando (ou não) Lisboa à categoria de capital ibérica do entretenimento, como plataforma de movimentação de mercadorias ou como destino residencial de luxo para uma idade sénior que procura serviços que lhe proporcionem mais saúde e bem estar, Portugal ainda precisa, para crescer, de mais construção e mais obra pública.

Tenho de o sublinhar, mesmo que não seja politicamente muito correto fazê-lo.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 27 de Janeiro de 2012 no Diário de Notícias

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