A “energia” gerada pela concessão de crédito deixou de ter a força a que estávamos habituados, força idêntica à das águas de uma barragem de albufeira, para passar a ter apenas a capacidade e a potência da água que vai passando numa barragem de fio de água.

O acesso ao financiamento é cada vez mais controlado e racionado, seja a particulares seja a empresas, e terá atingido, em Portugal, um dos valores mais baixos, sendo o mais baixo desde que as autoridades financeiras começaram a registar, para efeitos estatísticos, estes números relativos aos dinheiros que se emprestam e a quem.

O fio de água do crédito à habitação é muito ténue, tão fraco que a mínima brisa implica uma mudança de direcção, mas há outras áreas ainda a sofrer maiores dificuldades no acesso ao financiamento, nomeadamente empresas, das pequenas e médias às grandes, com particular relevo para estas últimas.

Que haja maior e mais rigorosa atenção nas garantias a prestar pelos interessados no crédito, incluindo, nos caso dos particulares, uma avaliação digna desse nome à taxa de esforço que o empréstimo determinará, entende-se, mas fechar a torneira do financiamento para estes níveis de fio de água é muito perigoso para a Economia.

Sem a energia que a força dos investimentos gera, toda a vida económica pode soçobrar num ciclo vicioso de perdas que potenciará o desemprego, a recessão e as dificuldades em responder aos nossos compromissos mínimos enquanto Estado, o que implica sempre dar resposta às necessidades da população. Daí a urgência em aumentar o caudal deste fio de água.

Luís Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 7 de Maio de 2011 no Expresso

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