De promessas e declarações de boas intenções estão a Economia em geral e as pequenas e médias empresas em particular cheias. Muita gente, e gente de boa fé, tem vindo a dar esperanças de que a Economia e as empresas vão poder aceder, com mais facilidade, a dinheiros que lhes garantam liquidez e condições para se dinamizarem, mas a concretização destes apoios vitais tarda.

Este prometido financiamento é, toda a gente o diz,  indispensável para contrariar a atual contração do crédito e a dramática e consequente falta de liquidez na Economia, que é sempre meia porta aberta à recessão. Ele deveria existir nos bancos que beneficiaram de financiamentos disponibilizados, a juros muito favoráveis, pelo Banco Central Europeu, mas na verdade não existe, ou melhor, existirá mas terá outras prioridades.

Pior do que não ter dinheiro é não ter crédito e hoje, ter crédito é um privilégio de pouca gente e de poucas empresas, dificuldade que até atinge empresas que apenas pretendem crédito para comprar a matéria-prima necessária a encomendas firmadas, o que deveria ser garantia mínima para aceder a essa seiva vital para o crescimento das Economias.

É isso que, infelizmente, as pequenas e médias empresas de Portugal, que asseguram mais de dois milhões de postos de trabalho, estão a viver. O dinheiro está caro mas o preço da impossibilidade de aceder ao crédito será muitíssimo mais caro. Pode custar o próprio relançamento da nossa Economia, pode comprometer a nossa urgente necessidade de recuperação. 

Acresce que, são sempre as pequenas empresas as que assumem a maior responsabilidade em manter uma das traves mestras da nossa Economia, desde logo por manterem um volume de emprego mínimo necessário ao equilíbrio da nossa vida social, num esforço muito mais visível do que as grandes empresas, sempre muito receptivas a redimensionar os respectivos recursos humanos.

É que o combate ao duro flagelo do desemprego em Portugal também passa pelo acesso das empresas ao crédito. Nomeadamente das pequenas e médias empresas, a um financiamento mais equilibrado e fácil. Nunca será demais lembrar, como que citando um ditado, que crédito negado é crescimento adiado.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

 

Publicado no dia 29 de junho de 2012 no Diário de Notícias

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