Aquele banco que ainda está na nossa memória pela força de um slogan publicitário que parafraseávamos com admiração e simpatia quando dizíamos “queres dinheiro vai ao banco”, esta mesma instituição financeira, cujo nome entretanto cresceu como cresceu o próprio banco, volta a afirmar-se como financiador favorável ao lançar uma linha de crédito inovadora para clientes que já tenham um crédito habitação no próprio banco mas desejem contrair outro para mudar de casa.

Esta solução para financiar uma nova casa, simplesmente denominada Solução Nova Casa, apresenta realmente condições competitivas para quem já é cliente do banco, nomeadamente pela via do spread.O cliente pode assim, pode contar com uma redução no spread do empréstimo para comprar a sua nova casa, usufruindo de um spread inferior ao praticado num empréstimo normal, o que, nos tempos que correm, é uma grande vantagem.

O acesso a esta solução implica, compreensivelmente, a liquidação do empréstimo de crédito habitação em curso no banco e a contratação de um novo empréstimo, para aquisição da nova casa, mas o novo spread não é tão elevado como os que são praticados em créditos novos, o que claramente pode dinamizar o mercado e facilitar novas soluções habitacionais para quem pretende uma maior mobilidade, em muitos casos necessária para a manutenção do emprego.

Acresce que esta nova solução oferece montantes de financiamento que podem ir até 80% do valor de avaliação no caso de habitação permanente e até 65% do valor de avaliação para segundas habitações. No plano dos prazos, a soma da idade do cliente com o prazo tem de ser igual ou inferior a 75 anos, mas a grande melhoria reside nos spreads.

Um dos mecanismos que as instituições bancárias têm utilizado para elevar os níveis de segurança dos empréstimos concedidos, em sede de Crédito Habitação, é precisamente o aumento dos spreads, uma das margens de lucro e manobra dos bancos, solução que também tem contribuído para o arrefecimento do mercado imobiliário português, um mercado que tem procura e tem oferta, mas onde o acesso ao crédito ficou mais difícil depois da presente crise.

A inovação agora lançada é – espero eu – um bom exemplo que poderá gerar réplicas, num quadro de saudável concorrência. O mercado imobiliário português precisa de maior dinamismo e este depende em grande parte da possibilidade da procura poder aceder a financiamentos bancários. É também uma solução equilibrada que conjuga os cuidados que em tempos de aperto os financiadores exigem com a urgência de uma normalidade dos mercados muito dependente do financiamento.

Estou sinceramente esperançado que voltemos a ouvir recomendar, com graça, a alguém que procura financiamento – “queres dinheiro vai ao banco”. Por desejar que em breve esta prática pioneira possa contagiar outras instituições financeiras com vocação para o mercado imobiliário não identifico o banco que esta a ensaiar um regresso mais forte a este mercado, mas julgo que a esmagadora maioria dos leitores já o identificou.
 

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 23 de junho de 2014 no Jornal i

Translate »