Parte do crescimento do crédito malparado concedido à Construção e ao Imobiliário, seja à promoção seja ao consumidor final, deve-se à precipitação em que os mais interessados (os próprios bancos) caem na hora de trocar por miúdos, a qualquer preço, os bens imobiliários que recebem como penhor das dívidas.

De acordo com as notícias geradas pelos números que o Banco de Portugal regularmente divulga sobre estas e outras matérias, o crédito malparado neste sector, não tendo sido o que mais subiu, registou um acréscimo que, de Junho para Julho traduziu-se em 31 milhões de euros.  Acréscimo potenciado pela precipitação na venda, ao desbarato, dos imóveis penhorados.

Sem qualquer vocação para a comercialização de imóveis, os bancos, cuja carteira de imóveis recebidos em dação tem vindo a crescer, tentam desfazer-se desse indesejado stock, colocando-o no mercado a qualquer preço e, em regra, a preços imbatíveis para quem está a promover e a comercializar, normalmente, bens imobiliários.

Esta solução, a que se somam facilidades já raras na concessão de crédito para a aquisição de tais bens, faz com que muitos dos promotores que se endividaram junto da banca para erguerem as respectivas promoções, acabem, impotentes para competir nestes cenários, por entregar, em dação, os bens que apresentaram como penhor do empréstimo.

Assim, cresce o malparado. Por sorte, muita obra pública, também financiada pela banca, não pode ser devolvida em dação. Se pudesse os bancos receberiam buracos em forma de túneis por acabar e pontes inúteis pela circunstância de ainda só terem meio tabuleiro.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 01 de Outubro de 2011 no Expresso

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