O que deverá ser verdadeiramente importante e prioritário, neste cenário de crise financeira global, é fornecer informação clara e credível sobre as opções que o Estado assume em situações suscetíveis de serem, de boa ou de má fé, mal interpretadas quando tornadas públicas.

A injeção dos milhões de euros que o Estado vai aplicar no BANIF, sendo ou não de aplicação exclusiva em Obrigações do Tesouro, com todas as vantagens que isso possa trazer para o próprio Estado, não é fácil de aceitar quando, no cenário que o país vive, a população está a enfrentar imensas dificuldades.

Pode parecer a muita gente que a quebra dos rendimentos reais, com cortes de salários, diminuição de subsídios, diminuição de prestações sociais e com o aumento dos impostos, não foi exclusivamente determinada para compor as contas públicas servindo também para resolver erros de privados.

É neste contexto que importa impedir que se instale a mínima dúvida sobre a inevitabilidade destas opções e que importa fazer esforços para que seja claro aos olhos da maioria da população que estas “ajudas” ao sector financeiro são assumidas em nome de um interesse coletivo que também estará em causa.

Não basta dizer que a operação garante a estabilidade do sistema financeiro, que evita riscos sistémicos e que assegura a liquidez garantindo o dinheiro dos depositantes. É preciso que esta informação seja clara e credível e que não fique a dúvida que tudo é apenas decidido para “salvar” acionistas privados do banco.

Para que não se diga, como disse Felipe Gonzales ao Expresso que “o sistema financeiro funciona como um casino sem regras”.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luislima@apemip.pt

Publicado no dia 12 de janeiro de 2013 no Expresso

Translate »