Temos de cuidar da nossa imagem, da imagem das nossas cidades. Não podemos entregar de mão beijada essa tarefa a empresas, arraçadas de agências de notação, ditas também de rating, que fazem rankings como certas entidades, noutras paragens que não Portugal – entenda-se – fazem cadernos de encargos para concursos públicos à medida de alguns potenciais interessados.

É por isso que às vezes vemos, como ainda há dias aconteceu, que a cidade de Lisboa entra para os últimos lugares de uma lista qualquer de um quarteirão, ou pouco mais, de cidades elencadas segundo as perspetivas de investimento, depois de ter estado nos primeiros lugares de outra lista, elaborada pelos mesmos especialistas ou por outros parecidos, a ordenar, em valores crescentes, cidades pelo preço metro quadrado das habitações em localização de excelência. Não dá para entender.

Este último estudo foi elaborado com base na opinião de meio milhar de personalidades do sector imobiliário, universo que incluirá de tudo mas principalmente gente interessada em que os negócios se façam com cadernos de encargos à medida de quem procura o negócio. Se uma cidade está na cauda de uma lista em determinado sector, o preço do que se transaciona nesse sector pode baixar, mesmo que seja um preço baixo e já equilibrado.

E parece não importar, para estes analistas dos investimentos, que Lisboa seja uma das mais belas cidades da Europa, com um luminosidade ímpar, mais própria do Mediterrâneo do que do Atlântico onde se espraia e com um rio de larga e ímpar estuário… Temos mesmo que ser nós a cuidar da imagem das nossas cidades.

Luís Lima
Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt

Publicado do dia 16 de março no Expresso

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