A ideia, consolidada em séculos de história, de que de Espanha nem bom vento nem bom casamento, pode estar a mudar. Talvez o vento não seja ainda bom, mas os exemplos, esses, são excelentes e a merecerem a nossa melhor atenção, pelo menos no que toca às recentes propostas de alteração apresentadas em Madrid para o programa de captação de investimento estrangeiro, os conhecidos vistos Gold.
De acordo com a nova legislação proposta por Madrid, os incentivos propostos passarão a contemplar autorizações de residência para o núcleo familiar do investidor e até autorizações de residência, por período experimental, antes da concretização do investimento, dando um passo em frente nesta corrida europeia aos investidores de fora da Europa.
Nós, por cá, continuamos a questionar esses programas e as autorizações de residência que lhe estão associadas à luz das supostas fáceis atribuições de nacionalidade. Relegando para um segundo plano a urgência na captação de investimento estrangeiro, um investimento hoje considerado decisivo para qualquer economia do mundo global.
O pragmatismo de Madrid dá-nos constantes lições. Ainda não há muito tempo sublinhei os avanços da Espanha no espaço lusófono quando começou a olhar, com olhos de ver ao longe, para a emergente Economia angolana, cujas previsões de crescimento se situam, mesmo numa perspectiva pessimista, em valores médios de 7% pelo menos até 2017.
Disse na altura que Luanda pode estar a ficar muito mais perto de Madrid do que de Lisboa, apesar de muitos portugueses, alguns deles com responsabilidades na apreciação destas geoestratégias poderem ter a ilusão de que não é assim e que estas distâncias relativas jamais se alterariam.
Mas a abertura exemplificada não se esgota só em Angola, uma das mais promissoras economias de África, mesmo num cenário de quebra dos preços do petróleo. Madrid abre-se aos investidores estrangeiros de fora da Europa – com relevo para os muito procurados investidores oriundos da China – de uma forma que devia fazer com que refletíssemos melhor sobre estas questões.
Portugal, volto a lembrar citando investigadores económicos internacionais, é cada vez mais atrativo para investidores estrangeiros e tem a imensa potencialidade que reside no facto de 67% dos investidores estrangeiros acreditarem, segundo o Attractiveness Surve, que o interesse do país vai aumentar nos próximos três anos.
Entre os principais investidores estrangeiros interessados em Portugal – repito – emergem cidadãos da China, dos EUA, do Brasil, da Rússia com capacidade para trazerem à nossa Economia milhões de euros de investimento estrangeiro só no imobiliário português. Mas para que tal possa concretizar-se é preciso criar condições verdadeiramente atraentes para os estrangeiros.
É o que está a fazer agora Madrid superando-nos nesse abraço ao Mundo que possa estar a olhar para nós como o bom destino para investimento que somos e devemos continuar a ser.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 06 de Abril de 2015 no Jornal i