Se o ano de 2015 foi realmente marcado pela afirmação da oferta imobiliária portuguesa no Mundo, em muitos continentes, em África, na América do Sul, na Ásia e até na Europa, como bom destino, seguro e apetecível, para muitos investidores estrangeiros, o ano de 2016 tem de ser definitiva e decididamente o primeiro grande ano da Reabilitação Urbana.
A afirmação no nosso imobiliário encontra resposta numa crescente procura, interna e externa, o que muito contribui para que o sector regresse à linha da frente da recuperação económica em curso no país. Mas a grande imagem de marca do sector, como um dos protagonistas desta frente, é a do sucesso da Reabilitação Urbana, nas nossas mais históricas cidades.
Tem sido este mercado, com história, o que mais atrai os interessados que temos detectado em locais tão diferentes como no Shanghai Overseas Property & Investment Immigration Show, na China, nos salões do Imobiliário e de Turismo Português em Paris e em Lyon, na Tektónica de Maputo ou na Convenção do SECOVI de São Paulo.
Em qualquer destes destinos, o imobiliário português tem marcado uma presença muito significativa, a mostrar que é muito mais do simples programa de Autorizações de Residência para Investimento ou um assédio a cidadãos comunitários que procuram, na própria União Europeia, localizações mais favoráveis para viver ou passar férias.
Portugal é – não me canso de dizer – um país privilegiado para acolher residentes não habituais da própria União Europeia que estão receptivos à ideia de encontrar uma segunda habitação no estrangeiro, para gozar uma reforma num clima mais agradável e num país de custo de vida menos pesado ou mesmo para continuar a desenvolver atividade, no caso em que esta apenas dependa das tecnologias de informação.
Mas não é só pelo clima – social, político, meteorológico – nem pelas facilidades fiscais inteligentemente oferecidas aos estrangeiros que Portugal se afirma como um lugar apetecível. Sabemos receber e integrar como poucos e temos cidades, vilas e aldeias com história, com tradições, com uma vida cultural autêntica e enraízada nas populações. Tudo isto cativa pela raridade.
Estas condições favoráveis à recuperação do imobiliário e à participação do imobiliário na recuperação do país não podem, porém, gerar exageros por parte da oferta, nomeadamente em matéria de preços. A procura não pode nem deve inebriar a oferta ao ponto de se inviabilizar um mercado que interesse a todas as partes e também ao país.
O momento que vivemos favorece uma das nossas obrigações colectivas tantos anos esquecida – o imperativo de deixarmos um património construído às gerações vindouras num estado físico mais sustentável do que aquele que existia quando o recebemos ou do que aquele em que, por inércia, deixamos que os imóveis caíssem.
Este é o grande desafio do imobiliário para 2016. Um desafio que tem de ser superado com sensibilidade política e social. E com inteligência.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 06 de Janeiro de 2016 no Público