Se consultarmos a mais consultada e famosa enciclopédia virtual sobre o que é um banco enquanto instituição financeira registamos que, para essa fonte do conhecimento, “bancos são instituições intermediárias entre agentes superavitários e agentes deficitários, que exercem, além de outras, a função de captar os recursos dos superavitários e emprestá-los a juros aos deficitários, gerando a margem de ganho denominada de spread bancário”.
Na ficha sobre bancos, lê-se ainda que “os bancos tem também por funções depositar capital em formas de poupança, financiar automóveis e casas, trocar moedas internacionais, realizar pagamentos”. Também ficamos a saber que há bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento e bancos mistos, mas mesmo tratando-se da maior das enciclopédias, um banco é muito mais do que isso como Portugal tem vindo a confirmar nos últimos tempos.
O sistema financeiro é o coração das economias de mercado e qualquer perturbação que o atinja atinge ou pode atingir toda a Economia. Portugal tem vivido momentos que provam à eloquência esta realidade, com casos que embora bem identificados acabam sempre a derramar alguma desconfiança e desânimo e a tornar mais complexos os desafios que se colocam às economias e, por inerência, às instituições do sistema financeiro.
Neste contexto foi particularmente gratificante ter constatado que o imobiliário volta a recuperar o lugar que já teve e que pode e deve voltar a ter na recuperação que todos desejamos, constatação implicitamente lida nos discursos que ouvi num dos encontros do final do ano passado que o Banco Santander Totta organizou com parceiros e colaboradores deste sector.
A recuperação da economia europeia em que nos inserimos é um caminho seguramente longo e com algumas dificuldades. Implicará novos paradigmas que poderão determinar, por exemplo, que a banca deixe de remunerar os depósitos a prazo e pelo contrário possa exigir um pagamento para garantir a segurança do dinheiro ali estacionado.
Como já comentei, pagar em vez de receber pelos depósitos é uma fórmula que aponta claramente no sentido de gerar uma maior aposta na Economia. E esta aposta está a afirmar-se também pelo aumento da concessão de crédito para a habitação e pela tendência para uma crescente diminuição dos spreads dos bancos. O imobiliário afirma-se assim como um bom refúgio para poupanças e investimento.
Há dias, no já citado encontro do Banco Santander Totta, o Dr José Leite Maia, administrador deste banco, que voltou a ser considerado pela revista The Banker “Banco do Ano em Portugal,” deu claramente a entender que em 2015 voltará a haver descidas ainda mais significativas dos spreads, numa estratégia que inevitavelmente favorecerá o declarado objectivo de fazer com que o peso do negocio imobiliário possa passar de 20 para 30%.
O caminho a percorrer pelo país, banca e sector imobiliários incluídos, não será fácil, mas há indícios positivos neste início de 2015. Como que a compensar algumas ondas alterosas que, no ano passado, molharam tudo, sistema financeiro e sector imobiliário incluídos. Depois das tempestades as bonanças, esperamos todos.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 7 de Janeiro de 2014 no Público