Tão importante como exportar, à semelhança do que algumas marcas de calçado português conseguem confortavelmente fazer, tão importante como captar investimento estrangeiro, uma das bandeiras mais conseguidas do nosso imobiliário, tão importante como tudo isto é desimportar, neologismo e verbo que pretende traduzir o patriótico desafio de produzir em Portugal bens que temos estado a importar.

Na verdade, sendo como são as exportações muito importantes para o país e sendo a captação de investimento externo tão importante como as exportações, não deixa de ser fundamental esse esforço e essa aposta na produção nacional e na produção nacional capaz de evitar muitas das exportações que vimos fazendo, inclusivamente para satisfazer as nossas necessidades alimentares.

Readquirir o estatuto de país agrícola pode ser, por exemplo, um esforço tão essencial como o do estatuto de país de exportações ou país bom destino para investir, desde que a agricultura que passemos a cultivar seja uma agricultura moderna, com economias de escala competitivas, e não a agricultura de subsistência do nosso passado não muito longínquo, aquela que ainda está instalada na nossa memória colectiva e na memória daqueles que não actualizaram o olhar sobre Portugal.

Todas as frentes organizadas para enfrentar a crise que estamos a enfrentar desde o fim do Verão de 2008 são fundamentais para podermos realmente sair dessa mesma crise, regressando a um crescimento sustentável sem o qual não haverá um verdadeiro desenvolvimento. Não iremos lá só pelas exportações, por muito que cresçam, nem só pela captação de investimento estrangeiro, por maior que seja a cada ano que passa, nem só por este “desimportar” que apostas bem pensadas na produção nacional podem proporcionar.

O país é um todo e nesse todo cabem todos estes projectos. Preferencialmente projectos que possam inverter o êxodo dos nossos recursos humanos mais jovens e mais qualificados, alguns dos quais espreitam apenas um bom pretexto para voltarem e para fazer parte deste renascimento em várias frentes em que todos, mas mesmo todos, devemos estar empenhados.

Luis Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 08 de Junho de 2015 no Diário Económico

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