O senhor governador do Banco de Portugal proferiu há dias, em Londres, no Fórum Oficial das Instituições Monetárias e Financeiras,  uma palestra sobre a credibilidade e fiabilidade das instituições do Sistema Financeiro Português, garantindo que o retrato apresentado não está retocado ou maquilhado.

Esta verdade tem vindo a ser comprovada pelos testes a que estas instituições são submetidas regularmente e nem precisaria desta bem intencionada garantia verbal do senhor governador do Banco de Portugal, garantia que tem sempre o risco de ser mal interpretada quando ampliada por terceiros de forma parcial e pouco rigorosa.

Basta lembrar as distorcidas interpretações sobre a necessidade de se reavaliar certos ativos em carteira, informação que foi de imediato e erradamente associada à ideia da inevitabilidade de uma desvalorização dos ativos imobiliários, o que de todo em todo não se justifica.

Na verdade, o património construído que se transformou em ativo das instituições financeiras que o receberam está mais subavaliado do que sobreavaliado, sendo no momento presente um bem de potencial crescente valorização, desde logo pelo simples facto de constituir um stock cuja anulação se anuncia pela significativa quebra na quantidade de construção nova.

Isto sem esquecer que, em Portugal, ao contrário do que aconteceu noutros países da Zona Euro também em crise, não houve qualquer bolha imobiliária de preços, contabilizando os sete anos que antecederam a presente crise, despoletada em 2008. Na verdade, os ativos imobiliários que o sistema financeiro possui não são indesejáveis pelo valor que apresentam – são indesejáveis porque o desejável seria que o mercado imobiliário funcionasse normalmente e tal património estivesse no centro dos encontros entre a oferta e a procura deste mercado.

Haverá quem, externamente, esteja interessado em desvalorizar o nosso património construído para o adquirir de forma mais vantajosa, mas não é certamente o sistema financeiro português, nem são os portugueses, interessados que estão em demonstrar que o imobiliário português está do lado da solução e não do problema.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 04 de Novembro de 2013 no Diário Económico

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