Revejo-me totalmente nas palavras do Presidente da República, no seu primeiro discurso como Presidente da República, nomeadamente quando o professor Marcelo Rebelo de Sousa diz preferir “os pequenos gestos que aproximam às grandes proclamações que afastam”.
Antes já tinha falado na urgência em cicatrizar as feridas que se formaram nestes “tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos”, uma realidade que classificou de indesejável, tanto mais indesejável quanto – continuo a citar – “urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer entendimentos, reconstruir razões para mais esperança”.
Na verdade é esse permanente esforço na recriação de convergências, na procura dos diálogos e entendimentos o que fazemos na Comissão de Acompanhamento do Mercado de Arrendamento Urbano (CAMAU), tentando também “reconstruir razões para mais esperança” e sabendo que desunidos perderemos o futuro.
Nós, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), da Associação Nacional de Proprietários; (ANP), da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP),da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), da Associação de Inquilinos e Condóminos do Norte de Portugal (AIN) e da Associação de Inquilinos Lisbonenses (AIL) é isso que fazemos na CAMAU.
Organizamo-nos para ocupar o espaço deixado pela Comissão de Monitorização da Lei do Arrendamento Urbano, mercado cuja dinamização é indispensável à Reabilitação Urbana, ao Turismo Residencial e ao mercado imobiliário no seu todo, o mercado onde erguemos as cidades que são – ou devem ser – o palco privilegiado para podermos fruir os nossos direitos de cidadãos.
Cidades que são, como sublinhei no discurso que proferi, em 2010, em Luanda, na cerimónia da constituição da Confederação da Construção do Imobiliário dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP) a fábrica e o produto do sector imobiliário, um dos mais visíveis e importantes para as pessoas de carne e osso e para as economias modernas que cresceram e crescem no acesso generalizado das populações à propriedade da casa que habitam, seja quando o caminho é a construção do novo, seja quando o caminho é a reconstrução do que foi construído no passado e já carece de uma nova oportunidade.
Em tempo de viragem, quiçá um tempo de viragem de paradigma, a solução é mais simples do que se possa pensar e passa pelos “pequenos gestos que aproximam”, muito mais do que pelas “grandes proclamações que afastam”. Só assim evitaremos o inaceitável risco de perdermos o nosso próprio futuro. Que se perderá se deixarmos fugir esta oportunidade da Reabilitação Urbana e do renascimento do Mercado do Arrendamento Urbano, como aconteceu ao longo de quase todo o século XX.
Agora sem calculismos que possam garantir eventuais vantagens imediatas mas efémeras. Agora finalmente, pois o tempo urge, com aquilo que julgo ser o sentido de Estado. Sem prejuízo do que nos divide, mas mais empenhados em encontrar o denominador comum que é justo proclamar.
Luís LIma
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 14 de Março de 2016 no Jornal i