Os cenários de “dumping” mascarado em que se transformam alguns leilões de casas, na ilusão de um escoamento de ativos indesejáveis, acentuam a tendência para a desregulação do mercado imobiliário e não atingem os objetivos pretendidos, ou seja, escoar, a qualquer preço, imóveis penhorados.

As facilidades concedidas, em financiamentos, em isenções de taxas, em “spreads” favoráveis, além de baixas desesperadas de preços, garantem apenas aparências de soluções, muito transitórias, que rapidamente se transformam num ciclo de problemas e num crescendo de dações indesejáveis para pagamento de dívidas

Facilitar a venda das casas adquiridas, desvalorizando-as, na sequência de créditos à habitação malparados, é empobrecer o país, numa desregulação acentuada para o mercado e criar condições para o aumento desta situação num universo que ainda envolve mais de 114 mil milhões de créditos para habitação.

A tentação de aplaudir desvalorizações acentuadas de preços de imóveis, é grande para quem quer comprar, para que se propõe mediar e até, em alguns casos, para quem precisa de vender, mas a médio prazo uma tal solução transforma-se num problema, acabará com o mercado e empobrecerá os portugueses e Portugal.

Sem que ninguém, nem mesmo aqueles que julgam, num primeiro momento, estar a ganhar, como é o caso das instituições financeiras, beneficie com este erro. Todos saímos a perder, até mesmo quem julga que comprou uma pechincha num leilão imobiliário. O preço da compra, aparentemente em conta, rapidamente será excessivo no quadro de desvalorização forçada que vai acentuar.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 04 de Fevereiro de 2012 no Expresso

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