Inesperadamente, o Banco Central Europeu (BCE) concedeu 490 mil milhões de euros  por três anos e a um juro de 1% aos bancos europeus interessados. É o que se chama uma dose cavalar de liquidez no sistema financeiro. E ainda dizem que não há Pai Natal.

Com esta prendinha que leva o cartão de visita do novo presidente do BCE, o super Mário Draghi, os bancos europeus ganham alguma folga, em tempo e dinheiro, para solucionar os problemas que os afetam e que influenciam a própria economia global

Nestes tempos em que tudo se sabe, falta saber que destino vão dar os felizes contemplados a este saco de notas compradas em saldo.  Servirá para reembolsar a dívida, para comprar dívidas públicas ou para dar crédito à economia?

Ou será que este montante é precisamente o montante que o próprio BCE exige que os bancos europeus absorvam em matéria de liquidez, o que inviabilizará que este dinheiro seja utilizado no tão necessário financiamento das Economias, como alguns, mais pessimistas, adiantam?

E a tentação de comprar dívida soberana de países periféricos obrigados a pagar juros muito mais elevados do que os juros aplicados nas dívidas dos países centrais da Zona Euro, como a Alemanha, é grande, mesmo que a operação seja pouco ortodoxa em muitos aspetos.

É que, as dívidas dos países com maior índice de risco oferecem à partida retornos mais elevados.  Neste quadro e admitindo que os bancos resistam a financiar de imediato a Economia, espera-se que cada banco contemplado com esta prenda de Natal compre dívida pública do país a que pertence.  Já seria alguma ajuda.

 

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 09 de Janeiro de 2012 no Jornal i

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