O esforço concertado para encontrar uma solução para as famílias e para as empresas que enfrentam dificuldades para satisfazer os compromissos, assumidos pelos créditos que obtiveram para adquirir património imobiliário próprio, tem de estancar, a todo o custo, a bola de neve das dações de imóveis, solução às vezes assumida como uma espécie de vingança impotente contra a banca que alguns teimam em ver como a má da fita.

Como aliás já tive oportunidade de sublinhar, o aumento das dações de imóveis por incumprimento dos pagamentos dos créditos contraídos, gerando uma acumulação de ativos indesejáveis em muitas instituições financeiras, poderá ser um gravíssimo foco de instabilidade deste sector, com todas as consequências que tal situação desencadeará e que atingirá, em primeira linha, o próprio setor imobiliário.

Esta complexa realidade deve merecer redobrada atenção por parte de quem possa ter uma palavra a dizer, sobre as possíveis soluções para este problema, nomeadamente quem tenha assento na comissão parlamentar que tenta harmonizar as diversas propostas apresentadas. O pior que poderá acontecer é que a solução a encontrar se transforme num problema maior e mais longo.

As soluções que realmente podem ser consideradas equilibradas são aquelas que contemplem todos os vectores deste problema, incluindo os que se ligam diretamente às instituições financeiras que correm o risco de suportar um aumento desmesurado dos ativos indesejados e, como tal, contaminadores da própria boa saúde da instituição. Cenário que nada beneficiará os clientes destas mesmas instituições, nem a Economia do país.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 02 de julho de 2012 no Jornal i

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