O sector imobiliário tem sido, a par do turismo, um dos sectores que mais importância tem no panorama económico português, nomeadamente no que à criação de emprego diz respeito.

Só no primeiro semestre de 2017, as atividades imobiliárias geraram cerca de 20 mil postos de trabalho, o que significa que, por dia, este sector gerou 111 empregos.

Muitos, para um sector que muitos acusam de não ser gerador de emprego nem criador de riqueza para o País… os números são claros e não deixam mentir: as atividades imobiliárias geram emprego, geram riqueza e têm uma relevância cada vez maior.

Não há dúvida de que este crescimento e que o bom momento que este sector hoje atravessa em Portugal, é reflexo de uma retoma que começou por via do investimento estrangeiro, que até então não era muito comum, a não ser por alguns mercados tradicionais que compravam habitualmente na região do Algarve.

O imobiliário português passou a estar no centro das atenções e funcionou como uma boa aposta e bom refúgio para o investimento estrangeiro, que acabou por contaminar positivamente o mercado interno que voltou a olhar para este sector como uma alternativa de investimento segura, transparente e com potencial de valorização, por diversas vias, tais como o arrendamento urbano ou o turismo residencial.

Muitas foram as pessoas que dirigiram as suas opções de investimento para uma aposta no mercado imobiliário, com vista a dele obter algum rendimento, nomeadamente por via do alojamento local, um mercado que tem gerado muita controvérsia por ser constantemente acusado de pôr em causa o bom funcionamento do mercado de arrendamento urbano.

Na passada semana, o Bloco de Esquerda (BE) apresentou uma proposta que pretende alterar o regime jurídico do alojamento local, limitando-o a 90 dias por ano, uma proposta que, de acordo com a Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), significará o encerramento de 95% dos estabelecimentos neste mercado, e a extinção de 7.000 postos de trabalho diretos, só em Lisboa e no Porto.

Cidades que renasceram, e que viram os seus centros históricos ser completamente reabilitados por investidores privados, com vista à recolocação destes ativos para aquele fim turístico, que foi também uma solução encontrada por muitas pessoas para começar o seu negócio, ao invés de emigrar. 

E sejamos realistas, este investimento beneficiou muitos outros sectores: construção, imobiliário, sector hoteleiro e sector dos serviços, que vêm hoje as suas cidades de cara lavada.

A proposta feita pelo BE, mataria este mercado que não passa de um bode expiatório do arrendamento urbano.

Não é demais lembrar que se têm passado décadas de um mercado de arrendamento completamente ineficaz, a necessitar de medidas urgentes que promovam a sua dinamização, e que só podem passar pelos incentivos fiscais a quem coloque os seus ativos neste mercado e por medidas de proteção aos proprietários, que parecem estar finalmente previstas para o Orçamento de Estado de 2018.

É preciso que o arrendamento habitacional seja, na perspetiva do investidor, atrativo. Que lhe compense colocar o seu ativo neste mercado, em vez de o dirigir para outro. Se as medidas em vista passarem por atirar contra o AL, estar-se-á também a atirar contra quem investiu, quem gerou riqueza, quem gerou emprego, e quem vive o seu dia-a-dia deste negócio.

Salvar o arrendamento, não passa por matar o alojamento local.

Luis Lima

Presidente da APEMIP

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 01 de novembro de 2017 no Público

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