Nas vésperas da abertura do Salão Imobiliário de Angola (SIMA 2010), mais precisamente às 17 horas do próximo dia 3 de Maio, termina o prazo para a recepção dos projectos candidatos ao concurso “A house in Luanda: Pátio and Pavilion”, um concurso de ideias promovido pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, de parceria com a Trienal de Luanda, concurso que tem por finalidade seleccionar a melhor proposta para a concepção de um protótipo de unidade familiar, com área coberta e área descoberta, destinada a famílias carenciadas.
A expressão inglesa “patio and pavilion”, expressão que Peter Smithson utilizou numa conferência proferida há mais de meio século, por ocasião da exposição Londrina “Isto é o amanhã”, faz a síntese do mínimo denominador comum de uma habitação condigna, isto é, um espaço construído na terra que tenha uma vista de céu, zonas de intimidade para as famílias e espaço para animais e para uma pequena lavoura.
A cidade de Luanda, potencial grande metrópole africana, sofre, hoje, uma pressão demográfica sem precedentes, o que justifica este esforço para conceber uma habitação unifamiliar de construção radicalmente barata, capaz, apesar destes condicionalismos económicos, de se assumir como pólo do mundo familiar de quem é luandense, angolano e africano nas palavras da arquitecta angolana Ãngela Mingas, um dos membros do júri.
Seis dias depois de encerrado o prazo para apresentação destes projectos de arquitectura, mais precisamente a 9 de Maio, no quarto e último dia do Salão Imobiliário de Angola, terá lugar em Luanda a cerimónia de constituição da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), que contará com a presença do Ministro Português das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Dr. António Mendonça e, muito provavelmente, do ministro que no Governo de Angola detém o mesmo pelouro, isto é, o Ministro do Urbanismo e Habitação .
A constituição formal, em Luanda, desta organização de cooperação entre associações empresariais da fileira da construção e do imobiliário dos países que falam Português, uma confederação pela qual a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) muito se bateu, vem, também, consagrar a capital de Angola como uma das cidades de futuro.
Meio século depois da conferência londrina onde Peter Smithson proferiu a conferência que já citei, em Luanda, pode voltar a dizer-se, com propriedade, que hoje regressa o futuro.
Publicado dia 24 de Abril de 2010 no JN